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Mensagem: Cabo Raimundo Há pessoas que não morrem, como afirmou Guimarães Rosa, ficam encantadas. O cabo Raimundo é uma delas. Militar zeloso e orgulhoso de sua profissão, do então Destacamento de Curvelo/MG, onde praticamente permaneceu durante todo o tempo da ativa. Estudioso, era um intelectual. Pouco mais de quatro meses após o lançamento de meu livro “Serrano de Pilão Arcado - A saga de Antônio Dó”, recebi dele correspondência mandando-me fotografias e biografias de todos os oficiais da Polícia Militar de Minas Gerais que haviam participado, de uma forma ou de outra, das ações de captura de Antônio Dó, nos primeiros anos do século passado. Não faz muito tempo, comentando sobre ele disseram-me: “Ele faleceu”. Lembrei-me de José Maria Alkmin: “Morreu para você, mas ele está no meu coração”. O cabo Raimundo não morreu. O seu nome permanecerá vivo em Curvelo, nos anais da Polícia Militar e em nossa lembrança. Sobre ele já escrevi, comentando artigo da lavra do coronel Geraldo Tito Silveira, que dele recebi. O cabo Raimundo, após receber baixa com promoção, sem farda – por anos nunca havia saído à rua sem uniforme militar – assentou-se com um amigo em um bar para saborear uma gelada (nunca antes havia bebido em público). Sua satisfação em estar civil não era maior do que a seu orgulho de ter sido “cabo” da Polícia Militar. Em um dado momento assentaram-se, em uma mesa próxima, dois senhores. Conversa vai, conversa vem, lá e cá. Um dos senhores da mesa próxima, dirigindo-se ao outro, falou em voz um pouco mais alta, como se estivesse tentando convencer ao outro: – Cabo que foi soldado não presta. O cabo Raimundo assustou-se. Fixou sua atenção para ouvir melhor. – É o qu’eu digo. Cabo que foi soldado não presta. O cabo Raimundo levantou-se colérico, ofendido. O maior orgulho de sua vida era ter sido “cabo” e conhecido como “o cabo Raimundo”. Ele suspendendo o ofensor pelo colarinho da camisa gritando: – Repita o que você disse! – Eu disse que cabo que foi soldado não presta. – Seu vagabundo – olhou para os lados pronto a esbofetear o ofensor, quando este completou: – Pois é, seu moço. Cabo de bateria quando é soldado não presta, não deixa passar a corrente. Riram. O cabo Raimundo pediu desculpas e retornou à mesa. O fato correu pelas ruas da cidade e chegou aos ouvidos do coronel Geraldo Tito Silveira, em Belo Horizonte.
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