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Mensagem: Após a escravatura Manoel Hygino Para os do Sudeste, chegam notícias boas do Nordeste, tão importante para as letras brasileiras. É o caso do lançamento, em 11 de novembro, na Academia Pernambucana de Letras, de “Serafim & Damaris – 14 de maio de 1888, o dia que nunca existiu”, que completa a trilogia do “Cesário, uma vitória sobre o preconceito” e “Feliciana, um olhar no infinito”, da Editora Mondrongo, de Recife. O autor é Melchiades Montenegro Filho, jornalista, crítico literário, poeta e músico, membro das mais importantes entidades culturais de Pernambuco, mercê de credenciais que não lhe faltam, mas que o público cá de baixo no mapa do Brasil não conhece à suficiência. Uma pena! O juiz da Corregedoria Geral da Justiça de Minas Gerais, Leopoldo Mameluque, autor de “Privatização, Modernismo e Ideologia”, 1994, e “Manuel do Novo Júri”, de 2008, publicados pela Editora Revista dos Tribunais, professor universitário conceituado, tem o maior entusiasmo pela produção do escritor do Nordeste. E há razões. A trilogia focaliza o drama de escravos negros nascidos em situações especiais, colocados em situação de destaque em face dos seus irmãos de cor, fazendo-se como um retrato de um “Brasil açucareiro, com seus costumes, paisagens, comércio de cabotagem, gastronomia, sincretismo religioso”, transformado no drama da escravatura, em meio à beleza de um país tropical ainda puro, como ressaltado pelo próprio Melchiades. O relato dessas vidas parte da própria vivência do autor, que com os personagens, oferece substrato de uma época que não foi extinta com a abolição da escravatura. Os meninos Serafim e Damaris se transformaram em jovens a serviço dos donos do engenho, a depois já sem proteção de seus donos. O autor conta que esteve no oitão da Igreja Matriz de Palmares, onde testemunhou a chegada dos negros escravos “livres”, velhos, crianças e adolescentes, entre os quais Serafim e Damaris (personagens centrais da narrativa), atônitos e desamparados, sem qualquer lugar em que pudessem se abrigar. Essa trilogia constitui uma forte síntese da situação dramática a que foram relegados os amigos escravos. “O autor traz à cena o I Congresso Afro-Brasileiro, realizado no Salão Nobre do Teatro de Santa Isabel, dando voz ao escritor Gilberto Freyre, seu idealizador, com uma mensagem de solidariedade à cultura negra, de luta contra toda forma de opressão, de reconhecimento às seitas africanas organizadas como cultos religiosos e de protesto contra toda espécie de discriminação contra negros ou mestiços, que ainda se verificasse no Brasil”.
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