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Mensagem: Brumas à vista Manoel Hygino A situação geral do país não é, evidentemente, das melhores e quem vive o cotidiano brasileiro pode dizê-lo. Não é penosa apenas para os que se acham na esfera mais baixa da economia nacional, quando mais de 14 milhões estão desempregados. É uma tragédia. As populações do interior, que tanto lutaram pela autonomia de suas comunidades, procurando melhor distribuição das rendas públicas, percebem presentemente que houve um erro de perspectiva. O economista Paulo Haddad, professor e de notório conhecimento do problema, escreveu recentemente: “São 1.856 prefeituras que não se sustentam financeiramente: não geram receitas suficientes para financiar sua estrutura administrativa. Metade das prefeituras está em situação crítica: gastam mais de 54% da receita total com despesas de pessoal. São mais de 1.121 prefeituras que terminaram 2018 no “cheque especial”: sem recursos em caixa para cobrir as despesas, postergadas para o ano seguinte. Em termos de indicador IFGF-Investimentos, quase a metade das prefeituras está em nível crítico: investem, em média, apenas 3% da receita total”. O orçamento deste ano, duramente aprovado, contingencia recursos que seriam extremamente valiosos à economia e à vida da população, justamente no momento em que a situação é agravada, inclusive também pela pandemia. Não há como ver com bons olhos esta hora. Tudo leva a crer que o pior ainda está por vir, o que se torna mais doloroso. O levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção analisa que 250 mil obras, em todo o país, serão paralisadas o que corresponde a reduzir mais de 250 mil postos de trabalho no âmbito da construção civil. Nem falemos em outros 500 mil empregos indiretos. Cláudia Pires, do Instituto dos Arquitetos do Brasil, avalia: ´A interrupção das obras deve gerar muito desemprego também na população mais vulnerável, agravando a situação dessas famílias. Toda a cadeia da construção civil será impactada, porque pedreiros, ajudantes e demais ligados à construção são pessoas de menor remuneração´. E o segmento mencionado é apenas um. Em verdade, todos os demais estão em situação de tensa expectativa. Não se sabe exatamente para onde estamos indo, e não há aqui pessimismo. Entre nós, o que avança ininterruptamente é a pandemia, cuja terceira onda é esperada pelos cientistas e profissionais da saúde com perspectiva nada animadora. Como diziam nossas avós, é hora de rezar, até para que os gestores da coisa pública despertem para a realidade.
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