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Mensagem: O Dia da Independência Manoel Hygino Parece distante, mas não é. Estamos no final de 2020, podendo-se contar nos dedos os dias faltantes para o Natal e início do novo ano. Verdadeiramente, este exercício está agonizando. Falta praticamente apenas dezembro para o adeus, entrando-se, logo, no início da segunda metade da gestão Bolsonaro. Daí, constatar-se que falta um ano e pouco para o 7 de setembro de 2022, quando a nação comemorará 200 anos de independência. No próximo calendário se marcará o começo da nova campanha à presidência da República, mas também o bicentenário da emancipação política brasileira, e não ouvi sequer referência a uma programação para registrar a efeméride. No primeiro centenário, o deputado José Bonifácio, o Embaixador, com muito tempo disponível, em 9 de dezembro de 1916, alertava para o fato. Descendente do Patriarca da Independência, parlamentar e político de marcante influência ao longo da Primeira República, depois embaixador do Brasil, apresentou à Câmara dos Deputados um projeto, relativo às festas comemorativas do primeiro centenário, em 7 de setembro de 1922. Argumentava: “Certamente fá-lo-emos entre vivas expansões de alegria patriótica, em devotados movimentos de civismo, recordando grandes conquistas realizadas no decurso de cem anos. Muito devotadamente brasileiros, muito sinceramente amigos do meu país, tinham viva ufania em rever todo o nosso passado, e de sincero entusiasmo se enche a minha alma quando posso proclamar que é incontestável o progresso do Brasil em todos os ramos da atividade humana” (está nos Anais da Câmara de 1916). Quem andará pensando nisto a esta altura dos muitos meses da pandemia de Covid, a mais letal e terrível para a humanidade, em todos os tempos? Quem meditaria sobre a evolução brasileira durante dois séculos, quando persiste, às vezes sem maior disfarce, a praga do racismo? Quem julgaria oportuna a consideração sobre as diferenças entre os que muito ganham e os que padecem fome e falta de teto, milhões de brasileiros, sofrendo a insensibilidade dos governos diante da miséria? Com 21 artigos, que pormenorizavam a ação do governo, José Bonifácio estendeu nas justificativas de seu projeto, as realizações do país nos planos social, do ensino, econômico, político e jurídico, apresentando dados sobre o desenvolvimento nacional. Seria uma prestação de contas, em 1922, como se deverá pretender para 2022, daqui ano e meio praticamente de agora. As atuais gerações exigem prestação de contas das que nos antecederam, mas as próximas muito reclamarão dos que ora exercem elevados cargos e funções públicas. Chega a hora de pormos os pingos nos i, de explicarmos em que falhamos e quais as razões, tentar pelo menos justificar porque ainda não alcançamos os níveis de igualdade e de humanidade com os quais sonharam os arautos da independência. Eis a hora da confissão e do mea culpa.
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