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Mensagem: O encantador de pássaros Manoel Hygino Isaías era menino nascido na roça, que pegou um pássaro com as mãos e cujo pai propalou dele poderes sobrenaturais. Mudando para a cidade a fim de estudar, lá chegara a fama, mas ele não encantava os animaizinhos voadores, achando então que não passava de um pobre mágico-mirim, sem cartola nem truques. Juiz de direito em sua comarca, sem veleidades, “despido da vaidade, pássaro de penas douradas, esforça-se para dar conta de uma tarefa infinda, levando aos ombros a balança da justiça dos homens em que deve medir os seus atos, sob o prisma das construções jurídicas previamente estabelecidas e codificadas”. Já se supondo caminhando para a velhice, o juiz Isaías Caldeira tem “a sensação de inutilidade, de fracasso pessoal e das instituições, por não atender minimamente aos anseios de um povo acuado e desprotegido, em permanente risco de morte em meio a uma guerra civil não declarada”. Confessa: Atuando na área criminal há muitos anos, sei que perdemos a batalha contra a criminalidade. Explica-se: “Cadeias superlotadas, algumas já interditadas, centenas de novos inquéritos chegando mensalmente às varas criminais, estruturas precárias em todos os setores responsáveis pela aplicação da lei e combate aos crimes, esta é a realidade vivenciada. Não há mais vagas no sistema prisional para maiores e menores. Para se prender alguém, coloca-se em liberdade outro, revezando-se nas celas dos presídios e centros de recuperação para menores. Acabado o expediente forense, após várias audiências, despachos e sentenças, retornando para casa, imagino o país daqui a alguns anos, se continuar neste ritmo, e temo caminharmos para o impasse, para o confronto social, onde o descrédito nas instituições nos conduzirá à luta fratricida, no desespero das vítimas dessa guerra civil em curso, que mata mais que em países oficialmente em litígios bélicos. Mas talvez exista algum pássaro na cartola das autoridades responsáveis, e que façam a mágica de apresentarem ao público uma solução para o impasse, devolvendo a paz hoje perdida, embora desde menino saiba que não é tão fácil pegar pássaros de verdade sem o uso de métodos convencionais, no caso, leis mais duras, com penas que desestimulem os criminosos e efetividade no seu cumprimento. Parece simples, mas é preciso coragem para se fazer o óbvio, deixando de lado malabarismos jurídicos e retóricos. Afinal, a ave da injustiça já se assenta nos umbrais das portas e não é preciso mágica para tocá-la com as mãos”.
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