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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 28 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Voz de um Andrada Manoel Hygino Meus amigos não me deixam sem documentos importantes sobre a história. É o caso de Danilo Gomes, grande cronista e poeta, nascido em Mariana, que, há exatamente onze anos, me enviou precioso volume, “Fui secretário de Getulio Vargas”. O autor é Luiz Vergara, de ótima redação, contendo depoimento do tempo em que colaborou com o conterrâneo no velho Rio de Janeiro. Fico assim sabendo que Antônio Carlos, o Andrada, que teve papel fundamental na Revolução de 1930 e que exerceu a Presidência da República, “ocasional mas integralmente as altas funções de presidente” em agosto de 1934 (outro agosto na vida de Vargas), quando Getulio fez viagem oficial à Argentina e Uruguai. Faço minhas suposições: em Montevidéu deve ter participado da inauguração da bela avenida Agraciada, que tantas vezes cruzei outrora. Não havendo vice, o substituto eventual era o presidente da Câmara dos Deputados, no caso, o mineiro Antônio Carlos, que a nação já bem conhecia como um cidadão ilustre do clã Andrada, descendente dos que ajudaram na independência. Vargas morava no Palácio Guanabara, o substituto se instalou no Catete com a família, levando para a Casa Militar o general Newton Cavalcanti e o secretário Otto Prazeres, procedentes da Câmara. O substituído dera instruções para deixar Antônio Carlos à vontade. Assim se fez. O Andrada não era madrugador, deitava-se e acordava tarde. Passava o dia recebendo visitas numerosas e austero salão de despachos, aberto para o parque, se transformava num ruidoso salão de palestras, com Antonio Carlos, pontificando à vontade, com ares senhoriais, distribuindo perdulariamente às suas frases sutil e cáustica malícia”. Quando todos saíam, Vergara e Simões Lopes despachavam ou faziam de conta. O presidente dizia: “Não quero saber de papelório. Guardem para Getúlio”. Desdobrava comentários, contava anedotas, ria e fazia rir, ficando ali até que viessem avisá-lo de que a família o esperava para o jantar. Comentava que o cozinheiro talvez não soubesse preparar bons churrascos, mas os pratos mineiros e baianos eram de um verdadeiro mestre na arte culinária. Na véspera do retorno de Vargas, Antônio Carlos pegou os dois auxiliares e convidou-os para um passeio pelos jardins, quando monologou, dirigindo-se a ambos: “Agora que estamos sós, quero fazer-lhes uma confidência. Vocês devem ter achado um tanto surpreendente a minha maneira de exercer as minhas funções de presidente da República. Viram-me instalar neste Palácio das Águias, tão famoso desde os tempos nada saudosos do meu amigo Bernardes”. Continuava: “Talvez lhes pareça tudo isso despropositado e algo ridículo, não meninos? Mas eu me explico. Este velho Andrada já havia escalado todos os degraus de uma carreira aparentemente brilhante. Fora deputado, senador, presidente de Minas, presidente de uma Assembleia Constituinte, mas faltava atingir o último, o mais alto na hierarquia republicana, a Presidência da República. Começava a perorar: “Não posso esconder que era a minha maior aspiração. Encerraria a minha vida pública no topo da cúpula do regime. Uma ambição justa. Por certo, que não me envergonho de proclamar, comparando-a num topo muito gasto de literato provinciano, ao “último canto do cisne” da minha movimentada carreira política. Mas, me digam: “Quem pode dizer agora que este Andrada não foi presidente da República”?

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