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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 6 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O poeta maior Manoel Hygino Antes que 2019 desabasse no precipício do calendário, aconteceu o que não esperava este redator de temas múltiplos. Editou-se, em Brasília, “Camões”, uma antologia do maior poeta de língua portuguesa de todos os tempos, iniciativa da Thesaurus e de Victor Alegria, proprietário da empresa, para os que por aqui tenham amor à “última flor do Lácio”, como Bilac classificou a língua que falamos. Anderson Braga Horta, organizador da Antologia, é mineiro de Carangola. Filho de pais poetas (o genitor fora ali juiz da comarca), enuncia na introdução simpáticos pormenores da vida do poeta. Grande amoroso e “gente de guerra”, teve Camões vida fantasticamente aventurosa. Lutou na África e Ásia: perdeu uma vista em batalha; esteve preso diversas vezes, constando que numa das celas por que passou compôs o seu poema. Submetido às críticas, que não deixam em sossego mesmo os gênios, Camões passou a ser o que é e o que representa, apesar da omissão dos que preferem o entretenimento fácil e falaz. Mas se há de convir com Anderson: “releva assinalar que é considerado o fixador da língua portuguesa”, moldada em verso e prosa por sucessivas gerações; vencendo os séculos, o vate ajudou a consolidá-la, sendo o clássico por excelência, no dizer do próprio poeta carangolense, escritor de vasta cultura. Em tempos não remotos, aprender Camões e apreciar a beleza e grandeza de sua obra era algo obrigatório, impostergável. Ai daquele que nos vestibulares se apresentasse às bancas examinadoras sem o imprescindível conhecimento! Ele era tão relevante quanto a sua obra, esta uma síntese da história de Portugal. Ainda bem que é assim, porque nos liga intimamente à gente que, na península ibérica, construíra sua pátria e a língua transmitida a demais continentes e que, mutatis mutandis, é a que falamos. O escritor de Carangola observa, com muita propriedade: “a língua e a poesia de Camões constituem uma força de coesão, fonte prima a que subamos com frequência para nos protegermos das forças de dispersão – que são muitas, que são insidiosas, que são de algum modo naturais num mundo que explode em crescimento demográfico e tecnológico, em convergências e desarmonias”. Mas Anderson adverte, e nós o seguimos integralmente: “hoje, o que nos preocupa são os germes de dissolução, que tendem a pulverizar o ordenamento fora do qual o pensar pode tornar-se uma falácia, o belo uma coisa irreal, ininteligível ou piegas, o ético não mais que pruridos igualmente sentimentais, a nos afastarem das materialidades grosseiras que são a menina dos olhos dos deslumbrados com o que qualquer moeda pode adquirir”.

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