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Mensagem: O mineirês existe Manoel Hygino Sem limites claros e definidos, Minas não é una e única, como a própria nação. Nem poderia ser de outra maneira, se se considerar o estado com dimensões maiores de numerosos países continentes afora. O falar do Sul mineiro não é exatamente igual ao que se fala nas regiões limítrofes com Bahia, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro ou São Paulo. Basta conferir em visitas que se faça, mesmo sem interesse linguístico. O vocabulário também varia. Daí ser perfeitamente compreensível que Joaquim Mendes de Sant’Ana tenha evocado para si laborar e editar um “Dicionário Norte-Mineirês Rural”, que me foi trazido por Wagner Gomes (cujo pai é responsável por uma coletânes fotográfica memorável sobre Montes Claros), autor de belos artigos sobre o Brasil de hoje, sob aspectos sociais, econômicos e políticos). O próprio Wagner se encarrega de dizer quem é o autor do Dicionário: “... um homem à frente de seu tempo em todos os sentidos. Desprendido das coisas materiais, sua grande riqueza consiste em seus valores e em suas raízes. Tipicamente mineiro, sem deixar de ser um cidadão do mundo. Nascido com a ajuda de uma parteira analfabeta, numa pequena fazenda de uma cidadezinha que era pequena até no nome: Porteirinha. E essa cidade foi seu primeiro amor e a ela permaneceu sempre fiel. Até imaginou, um dia, mudar seu nome para Edenópolis... Fiel a esse mundo, guardou, ao longo de sua vida vitoriosa, cada palavra que ouvia dos matutos e dos interioranos... Engenheiro por formação, humanista por convicção, fez da vida o seu repente”. A excelente capa é de Nélson Flores. Chico Mendonça acrescenta: “Esse dicionário é fruto de 12 anos de meticulosa pesquisa, feita por quem tinha o hábito de ser em tudo organizado, o que considero atributo invejável... O leitor tem diante de si, como resultado, um livro robusto de consulta, de qualidade e confiabilidade garantidas”. Estefânia Oliveira Sant’Ana auxilia a compreensão do significado: O autor “observou a paisagem rural com clareza, exuberância e afirmação contundentes”... que “resultaram em descobertas notáveis e criaram este guia sólido”. Depois de tais comentários, é útil registrar que não se trata de meras observações de quem se interessa pela maneira como se fala em pedaços do Brasil- brasileiro, mas não único. O vocabulário que Joaquim Mendes de Santa’Ana nos oferece é perfeitamente representativo da realidade nacional. O próprio autor declara, e razão tem, o vocabulário contém palavras e expressões usuais no Centro e no Norte de Minas, principalmente entre as classes mais populares e na zona rural. Não são exclusivas dali e muitas delas, seguramente, nem são de lá originárias, mas incorporadas, trazidas pelos nordestinos que desceram para o Sul, como se diz. Não só, contudo, as palavras e expressões, pois o próprio falar, que pincipalmente os baianos trouxeram e foi assimilado. Chamou-me a atenção, por exemplo, o adjetivo “bondadoso”, que corresponde a – bondoso- usado em espanhol: “Zé Roxinho era um sujeito moreno, de rosto redondo, de bigodeira farta- escorrendo pelos cantos da boca sem dentes. Homem bondadoso, dono de uma fazendinha ajeitada, de terras negras nos varjões de bengo”. Dá pra entender?
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