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Mensagem: Santos Dumont, coitado Manoel Hygino Em 1932, o corpo de Alberto Santos Dumont foi encontrado pendurado na claraboia de um banheiro, no Hotel La Plage, em Guarujá (SP). “Era um homem muito triste”, um corpo esmirrado, disse a arrumadeira do estabelecimento. O delegado da cidade, também escritor, Raimundo de Menezes, enviou um relato por carta ao repórter José Leal, no Rio de Janeiro. A autoridade policial esclareceu que teve de entrar no quarto com outras autoridades, depois de arrombar a porta. Descreveu: “magríssimo, era ele um feixe de ossos. Enforcara-se: comuniquei imediatamente ao chefe de Polícia o ocorrido. Bem como o pedido da família para que lhe entregasse o corpo sem maiores formalidades legais. Tratava-se de uma glória nacional”. Somente 30 anos depois, em 1962, soube-se mais exatamente o que atormentava o inventor. Ele sofria de esclerose múltipla, doença que também levara a mãe ao suicídio. Quem revelou o diagnóstico foi o médico de Santos Dumont, Bevan Jones, em Londres. O mal era incurável. Agora, o nome do grande brasileiro, a que se deve também a ideia de transformar as cataratas de Iguaçu e a região de seu entorno em parque nacional, volta à cena, e de modo tão triste como sua aparência no quarto do hotel em Guarujá. A Fundação Casa de Cabangu, responsável pela manutenção da casa em que nasceu e viveu parte da infância o pequeno mineiro Alberto, confirmou que a instituição, embora com despesas relativamente pequenas, se visse no constrangimento de encerrar atividades, mesmo que provisoriamente. Com repasses do município atrasados desde julho de 2018, a fundação anunciou o fechamento do Museu Cabangu a partir de 14 de janeiro em curso. “Estamos passando por uma situação caótica”. É desta forma que o presidente da Fundação Casa de Cabangu, Tomás Castello Branco, resumiu as dificuldades financeiras enfrentadas pelo museu, que funciona na casa onde nasceu Santos Dumont, na velha fazenda da família, localizada na cidade que tem seu nome. A diretoria decidira fechar preventivamente o local. A dívida trabalhista do museu está em torno de R$ 170 mil, com despesas de cerca de R$ 2 mil por mês, segundo a fundação. Por isso, não pode recorrer à ajuda do governo federal e depende quase exclusivamente da parceria com o município. “É um fechamento preventivo, porque estamos correndo risco de perder o acervo por não ter quem tome conta. A prefeitura não cumpriu o acordo com a fundação”. A assessoria da prefeitura informou que a fundação não comunicou oficialmente o fechamento do museu. Confirmou que o atraso desde julho, por se tratar de uma subvenção, não a obriga realizar os repasses quando não houver dinheiro em caixa. Com a dívida do Estado em cerca de R$ 13 milhões, o Executivo municipal optou por priorizar serviços essenciais, como o repasse ao hospital e folha de pagamento do funcionalismo. Ainda de acordo com a assessoria, até fevereiro os valores serão repassados à fundação. Mas até lá, as portas outrora transpostas por Alberto Santos Dumont deverão estar cerradas, a não ser que haja um fato novo, quase um milagre. Enfim, não se trata de um bem com o vulto material do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, que deixa um vazio em nossa história cujo preenchimento por enquanto permanece imprevisível. Haja dinheiro e colaboração.
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