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Mensagem: Jornal não morre Manoel Hygino Houve por bem Fernando Horta Zuba tomar a iniciativa e organizar a publicação de “Jornal de Minas – Histórias que ninguém leu”, livro lançado em junho na Casa do Jornalista, na Álvares Cabral, na capital. O periódico, que começou a circular em 1972, era uma espécie de continuador de “O Dário”, criado pela Cúria Metropolitana de Belo Horizonte em 1935, quando era arcebispo Dom Antônio dos Santos Cabral. O segundo periódico, que nasceu em pleno regime militar, ou ditadura, se aprouver a alguém, não dava sequência à linha do antecessor, que se orgulhava de ser “o maior jornal católico da América Latina”. E, realmente, assim fora. Presente em numerosas cidades mineiras (as assinaturas eram seu forte), por sua redação passaram nomes expressivos da política, das letras e da administração pública. No JM, os acionistas majoritários eram Afonso Celso Raso e Afonso de Araújo Paulino, e minoritários, José Flávio Dias Vieira, Cristiano Ferreira de Melo e Marcos Sousa Lima, com “ideologias diferentes e pensamentos distintos, mas com o ideal comum de fazer um grande jornal”. Em 1973, Afonso Paulino assumiu o comando total como superintendente, com sua experiência em administração e popularidade de atleta reconhecido no esporte com o apelido de “Minhoca”. Segundo Afonsinho Raso, os profissionais e candidatos a sê-lo, estagiários, pautavam sua conduta com lealdade e sensibilidade. O volume, recém-editado, se realizou graças ao Zubinha, filho de Celso Fernando Zuba. Este começara carreira em Montes Claros, consolidou-a em Belo Horizonte, ganhou reconhecimento e amizades, atraindo ao “Jornal de Minas” o filho, frequentador do periódico desde os 5 anos e, hoje, inserido definitivamente no meio, sem nenhum favor. Quando Adival Coelho, ex-chefe de redação do JM, completou 90 anos, em setembro de 2017, os remanescentes das antigas equipes se reuniram para comemorar no bar do Maranhão, por sinal, ex-linotipista experimentado (linotipo não há mais), depois fotógrafo e agora dedicado à atividade comercial. Foi uma reunião para lembranças de episódios que marcaram a vida do JM e de seus devotados colaboradores, jornalistas ou não. Afonso Celso Raso, agora com seus 84 anos, recordou que, no JM, por mais incrível que pareça, “a liberdade de pensamento sempre foi por nós respeitada, independente de posições políticas”. O “Jornal de Minas”, segundo o editor do livro, contou com uma redação inquieta, com grandes diferenças ideológicas, mas com convivência harmônica, sob controle do big boss Afonso Paulino, ex-jogador da seleção brasileira de futebol de salão (presidente do Atlético Mineiro) e, “notoriamente, apoiador do regime militar de 1964”. Este aspecto é, aliás, focalizado em franca entrevista. O empresário, hoje com 82 anos, que tinha em sua sala de presidente belos cães de raça dálmata, não limitou as perguntas, mesmo as mais delicadas, envolvendo suas ligações com o regime e acusações de tortura. Vale a pena conhecer o texto, muito revelador da personalidade de Afonso Paulino, assim como de mais de três dezenas de outros, que viveram na redação e nas oficinas do JM uma página da história da imprensa mineira que precisa ser conhecida. É algo muito especial, nesta hora em que o regime implantado em 1964 é condenado pela morte de Wladimir Herzog, episódio também focalizado no livro.
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