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Mensagem: Excessos e extravagâncias Manoel Hygino Os debates assistidos pela televisão ou transmitidos pelas rádios sobre a Lei Orçamentária da União e a Reforma da Previdência são, ou foram, aviso de chumbo grosso à frente. Isto é, o brasileiro que ama a folgança terá de conviver com arrocho por muito tempo. É claro que, em âmbito de poder público, o assunto seguirá em pauta, porque há múltiplos interesses em jogo e muito a discutir. Os consumidores de Minas, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo já têm dificuldades em pagar as contas de água e luz, que aumentaram 13,65% nos últimos doze meses. Novos reajustes virão, principalmente com a ligação das usinas térmicas. Ninguém escapará dos dias duros do porvir próximo. São para compensar os de falsa felicidade e prosperidade de anos atrás. As despesas na área de comunicação e no comercio já caíram. Um economista explicou: “No aperto, é possível o consumidor suspender a internet ou deixar de usar cartão de crédito. Mas água e luz são compromissos que ninguém tira do orçamento”. Num esforço raro, mas incompleto, o Executivo procura diminuir privilégios e exageradas bondades no serviço público, já havendo chiadeira e ameaça de greves. O funcionalismo, com o devido respeito, não pode ser privilegiado (daí, existirem concurseiros) em meio à crise generalizada. O Legislativo e o Judiciário têm de fazer o mesmo e algumas medidas são preconizadas. Há de agir assim, se quiser efetivamente igualdade, afinal uma fantasia. Pelo menos, fazemos de conta. Mas a Câmara dos Deputados, por exemplo, abriu licitação para aquisição de 28.170 caixas de chá, cada uma com dez sachês, por um período de um ano. São de erva-doce, camomila, hortelã, capim-cidreira, frutas, boldo e chá preto. São os chás para parlamentares como de milhares de conterrâneos, mas estes pagam pelo que compram e ingerem. Embora todos saibam ser imprescindível economizar, nem todos o fazem. Eis os dados: Levantamento do site Contas Abertas mostra que, no ano passado, os custos da administração pública com serviços relacionados a carros oficiais foi de mais de R$ 1,6 bilhão. O valor é superior ao destinado a diversos ministérios, como o do Meio Ambiente, cuja verba é de R$ 440 milhões este ano. O governo também pagou quase R$ 700 mil em 2016 por excesso de bagagem em viagem de autoridades e funcionários, além de R$ 33 milhões com material de cama, mesa e banho. Para homenagens e festividades, R$ 55 milhões. Com material e serviço de copa e cozinha, R$ 349 milhões. O Judiciário, enfim, parece despertar para a realidade. Evidentemente, os magistrados merecem e têm todo respeito. No entanto, os membros deste poder percebem valores enormes para pagamento de salários e benefícios de múltipla espécie, o que precisa ser esclarecido para que não se tenha ideia negativa das autoridades que praticam a Justiça – num país de injustiçados. A ministra Carmem Lúcia tomou iniciativas para esclarecer. A presidente do Supremo tem grave responsabilidade neste período da vida brasileira. Até porque o Judiciário é permanentemente objeto de ressalvas, a cada hora e instante, pela lentidão e, mais recentemente, pela troca de farpas e acusações com o mundo político e Ministério Público. Não basta apurar os fatos. Imprescindível que, havendo irregularidades configuradas, distorções e desvios, que sejam punidos os responsáveis. O próprio Judiciário tem o maior interesse, certamente.
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