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Mensagem: A CONVIVÊNCIA HUMANA Maria Luiza Silveira Teles Conviver não é nada fácil. E, no entanto, é a única maneira de nos realizarmos como seres humanos, de nos encontrarmos e sermos felizes. Talvez seja essa a ciência e a arte mais difícil, mas a principal da vida, pois, se não convivermos, atrofiaremos a humanidade em nós. Por que, então, é tão difícil? Porque requer desprendimento, coração aberto, humildade, altruísmo, saber ouvir e falar na hora certa e o saber sentir. É preciso, sobretudo, saber amar e somente somos capazes de amar quando já percorremos o longo e difícil caminho do autoconhecimento e nos amamos e aceitamos como somos, conscientes de nossas qualidades e defeitos. Para aprender a viver bem com o outro necessário se faz que nos eduquemos e nos aprimoremos em todos os sentidos. Se aprendermos a conviver, entender e respeitar nosso semelhante, tudo passará a ser mais fácil e o caminho nos trará felicidade e paz. Esse tempo de aprendizagem, transformação e crescimento é a nossa travessia. Lembrando Fernando Pessoa, “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma de nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-lo, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”. Vivemos tempos estranhos. Quanto mais o homem evolui em ciência e tecnologia mais se materializa, se torna violento, se anestesia e sente solidão. As relações se tornam descartáveis, o sexo se banaliza completamente. Na sua busca desenfreada de prazer, o homem se vê cada vez mais vazio e solitário. Jogado em um mundo agressivo, no qual predomina a luta pela sobrevivência do corpo e a manutenção do status, ele acumula todo um lixo psicológico que pode contribuir para o seu mal-estar e complicar a convivência. Tantas vezes duas pessoas vivem juntas e não têm absolutamente nada a dizer uma à outra: parece que um abismo as separa. Por quê? Os sentimentos não expressos, as mágoas recalcadas, pequenos ressentimentos que foram se avolumando, a direção diferente que cada uma delas toma, tudo isso vai separando-as pouco a pouco. Enquanto as nações guerreiam, conflitos e batalhas maiores se dão dentro de nós, quando a Bondade de nosso ser divino luta contra a selvageria de nosso ser profano e primitivo. Só exterminando os “monstros” que vivem dentro de nós poderemos deixar florescer a beleza do projeto divino que somos. Mas, que monstros são esses? O monstro do egoísmo, da vaidade, do orgulho, do desamor, da mágoa, da inveja, da raiva. Se esses não morrerem, jamais o projeto divino poderá se cumprir. Esses monstros haverão sempre de atropelar toda e qualquer tentativa de construir um relacionamento sadio. Somente combatendo-os, pois, estaremos prontos para uma convivência que nos fará crescer como seres humanos A existência de uma terrível polaridade existente hoje na sociedade brasileira se deve ao fato de as pessoas se deixarem dominar por esses sentimentos negativos e não saberem conviver, pois, com a pluralidade das idéias. * Maria Luiza Silveira Teles (presidente da Academia Montes-clarense de Letras)
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