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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Pela rota mortal do Norte Manoel Hygino Propus na Revista Cult, de Eugênio Ferraz, focalizar municípios de Minas Gerais não tão frequentemente lembrados e homenageados pelos meios de comunicação, como o são Ouro Preto, Mariana e Tiradentes, por exemplo, que muito merecem. O objetivo era mostrar o que há de interessante e precioso em outros numerosos burgos. Comecei por Grão Mogol e continuei com Salinas, numa região histórica da velha província. Este ano, Grão Mogol foi alvo de bandidos, que assaltaram a agência do Banco do Brasil, como aqui também relatei. Mas, obedecendo à sina das localidades mineiras, qualquer a sua dimensão, Salinas igualmente entrou no rol da violência que marca esta época sertão afora. No dia 21 do mês, que deveria ser de festas religiosas e populares, Salinas, a 218 quilômetros de Montes Claros, a maior cidade da região, viveu madrugada de medo. Cerca de dez homens, armados de fuzis (as velhas garruchas não existem mais ou estão fora de moda) atacaram prédios da Caixa Econômica e do Banco do Nordeste, fugindo pela Rio–Bahia. Fecharam-se estrategicamente, com carros, as principais ruas das proximidades da Caixa e explodiram os respectivos depósitos eletrônicos. Hoje, o Brasil todo sabe como funciona o esquema. Em seguida, os bandoleiros tentaram destruir os vidros da agência do Banco do Nordeste, que eram blindados. Houve troca de tiros com a polícia, o prédio foi danificado, cédulas de dinheiro voaram pelos ares. Os passos seguintes foram os mesmos da primeira quadrilha. Os marginais fugiram pela Rio-Bahia usando três veículos, e nada mais se sabe. Toda a região se tornou alvo e vítima dos criminosos. Em uma terceira cidade, que por sinal tem nome de santo, São João do Paraíso, outro registro triste, ou repugnante, exatamente em junho da devoção de milhares de brasileiros. No dia 20, em torno das 20h20, a PM foi chamada. Na fazenda Santa Maria (a mãe de Jesus), na zona rural, uma senhora de 63 anos, em sua residência, ouviu o latido de cachorro e, em seguida, alguém bater à porta. Ao abri-la para ver de quem se tratava, ingressaram na humilde habitação dois indivíduos, encapuzados e armados de revólveres, que se diziam policiais. Perguntaram onde estavam as armas e um dos marginais prendeu a moradora, de 81 anos, na sala. Não só isso: uma terceira personagem do drama, de 79 anos, acamada, implorava para não ser incomodada. Entrou em cena um ancião, 70 anos, que repetiu o apelo, mas foi atingido por um tiro. Aconteceu como sempre: os invasores simplesmente sumiram, não sendo localizados. A vítima, baleada, foi socorrida no hospital da cidade pelo plantão. No dia 20 ainda, um ônibus não habilitado, que fazia o itinerário São Paulo-Bahia, após usar rotas alternativas para escapar às barreiras policiais, capotou perto de Salinas, matando onze pessoas e ferindo vinte ou mais. O motorista fugiu. O Norte de Minas, de gente trabalhadora e humilde, torna-se roteiro da criminalidade. Se faltam meios para ação mais enérgica da autoridade, inexiste qualquer senso de humanidade entre os que fazem da violência e do crime seu meio de vida.

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