Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.
Clique aqui para exibir os comentários
Os dados aqui preenchidos serão exibidos. Todos os campos são obrigatórios
Mensagem: Uma lição permanente Manoel Hygino Esperei até o Corpus Christi, bem a propósito, para registrar o livro de Nelson Hoffmann, “Companheira”. Uma única palavra de título, para menos de cem páginas e um imenso conteúdo. O autor, lá da fronteira com a Argentina, residindo a 150 metros do caudaloso rio Uruguai, na jovem cidade de Roque Gonzales, produz boa literatura, com apoio da família: Inês R. Hoffmann, zela pela revisão, e Tony cuida das fotos e da arte da capa, em edição da Cultuarte. Sabemos pouquíssimo do que existe da região missioneira, a não ser pelos cartões postais e pela infrequente divulgação das televisões. Terra de embates, do empreendimento colonizador jesuíta, de sangue derramado nas contendas entre portugueses, espanhóis e índios, muito heroísmo. Disso se gabam, com justa razão, os que lá se instalaram e continuam a missão que lhes incumbiram as gerações anteriores. Hoffmann, advogado, contabilista e professor, ocupante de altos cargos públicos, foi o primeiro executivo do município, integra academias e entidades culturais, correspondente de jornais e revistas, conselheiro editorial, verbete de dicionários e enciclopédias. Autor de numerosos livros, deveria pelo menos ser mais divulgado no Brasil imenso que fica ao Norte. A partir de uma experiência pessoal, dolorosa, inquietadora, comovente, elaborou seu novo livro. Confessa: “foram poucos dias, horas, minutos, segundos, em termos físicos, carnais, de mundo. Em termos materiais, espirituais, transcendentais, são o início de uma jornada de busca que não sossega”. O tema me leva à recente e belíssima crônica de Ronaldo Werneck, ensaísta, tradutor e crítico de literatura, cinema e artes plásticas, mineiro de Cataguases. Ele pergunta: “meu Deus, o que é a morte? Subir, subir e, esplendidamente, ganhar o azul, pratear-me da lua e chegar lá, de onde vim e para onde devo voltar?” Nélson Hoffmann relata belamente, fortemente, a experiência de sentir-se morrendo, pelos corredores de hospital, pelas enfermarias, sob cuidados médicos, sabendo-se nos últimos momentos, consegue descrever as angústias com emoção, com a grandeza de quem conhece o que lhe passa e o que o espera. É algo raro. Sem lamúrias, afirma: “a morte define a vida. A vida é o caminho da morte. Ambas incorporaram em mim quando eu fui gerado. Juntas, são faces de minha unidade. Vêm de antes, seguirão depois. Surgi passageiro, estou em viagem. Quando surgi, a festiva recepção fez-me berrar de alegria. Acolhido e paparicado, quedei-me pela vida, ignorei a morte. Fui-me às conquistas. Que a vida proporciona e o mundo oferece. Estudei, trabalhei, passei pela infância, superei a adolescência, concluí a juventude. Adulto, assim classificado pelas etapas do tempo, eu estava preparado e pronto para o grande desafio: vencer na vida”. Mas, “a morte é minha companheira, ensina-me a viver”. Eis sem embargo, a grande pergunta: “vitória na vida é o sucesso, a glória? Sucesso, glória de quê?”. “Meta: dinheiro, poder, fama. É a glória do mundo”?
Trocar letrasDigite as letras que aparecem na imagem acima