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Mensagem: A grandeza de pequenas coisas Manoel Hygino Vivemos em meio a tantas trapalhadas, que perdemos a noção da virtude e do mérito. Compram-se e vendem-se títulos no mercado sujo da ilegalidade e das conquistas n ao preço de dinheiro de facilidades. Perdemos o verdadeiro senso da grandeza dos homens e de sua atuação na sociedade. Lembro disso, em mês tão rato aos brasílios do interior, quando sinto a obrigação de render homenagem, sem suas localidades para fazê-la maior e mais igual, somando a fatos com os quais construíram sua identidade e sua própria biografia. Felizmente este ser humano não é raro e, no anonimato ou quase, ajudam a manter confiança no futuro da pátria e de mais afortunados dias para o homem deste país. Ao completar cem anos em 27 de junho, Luiz de Paula Ferreira pode ser festejado com a alegria pela família e pelos conterrâneos, que lhe acompanharam a longa jornada. É um cidadão que ama seu povo e escreveu: “Conheci pessoas e situações. Vivenciei costumes. Escutei e contei histórias. Nada, porém, de grande monta, que o lugar não ostentava coisas de assombrar. Mas havia algo que me seduzia e me impôs, mais tarde, este registro. Eram as pessoas em seu cotidiano. Gente simples, no pelejar da vida, com as singularidades do viver de cada um. Sem eu trabalho, no seu lazer, em suas alegrias e decepções. Tudo acontecendo em parceria com a natureza, pois ali se vivia rente à terra. Era a grandeza das pequenas coisas. Presente todo dia, em todas as horas”. Sobre o centenário, escrevi recentemente: Tudo o que se construiu por aquela região contou com sua presença, atuação e colaboração. Autêntico sertanejo, antes de tudo um forte, como b classificou essa gente Euclides da Cunha, fez tudo, modestamente para vencer na vida. Empresário, líder empresarial, escritor, apreciado contador de causos, amante da música e trovador, foi apaixonado pela região. Começou a descrevê-la muito antes de Guimarães Rosa, que produziu uma epopeia sobre o Grande Sertão e Veredas. Autor de “Na venda de meu pai”, rega-se com uma série excelente de narrações do melhor agrado, em que às vezes é o próprio personagem. Wanderlino Arruda, da Academia Montes-clarense de Letras, acha que a leitura do livro é como “sugar o sumo doce de uma jabuticaba bem madurinha”, enquanto o jornalista César Vanucci, da Academia do Triângulo Mineiro, aconselha como Santo Agostinho: Tolle, lege, “Pega e lê”. É conhecido seu interesse pela literatura de um modo geral especialmente por seus excelentes poemas. No seu caderno de escritos, encontram-se páginas em versos, às quais, ultimamente, com extrema relutância, acedeu em dar publicação. É notório seu amor às letras, mas evitava mostrar os originais aos interessados, principalmente quando a noite da idade começou a crescer: “Com o cair do crepúsculo, vãos e calando, pouco a pouco, todos os rumores; um quase silêncio envolve a natureza quando sobre o horizonte longínquo o papa-ceia anuncia que vai nascer a noite estival”.
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