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Mensagem: UM BRASIL QUE SANGRA * Marcelo Eduardo Freitas No melhor estilo “novela mexicana”, sucedem-se no Brasil escândalos de todas as vertentes, envolvendo incontáveis bandeiras e implicando diversas autoridades, de todos os escalões da república. Parece até “vale a pena ver de novo”, já que o que acontece hoje é uma espécie de repetição, um certo “reprise” do que acontecera outrora, mudando apenas os atores do “teatro da vida real”. Os últimos que foram pegos com a “boca na botija” foram o atual presidente da república Michel Temer, o senador afastado Aécio Neves e o deputado federal Rocha Loures. Aécio foi gravado solicitando R$ 2 milhões a Joesley Batista, do grupo J & F. Rocha Loures foi filmado pela Polícia Federal recebendo outros R$ 500 mil do citado empresário. Surpreendido arrastando uma mala recheada de propina, devolveu o dinheiro na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, faltando, contudo, R$ 35 mil do valor total. Como se não bastasse, dias depois, depositou em uma conta da Caixa Econômica Federal os R$ 35 mil que haviam sido surrupiados. É muita honestidade… Juristas afirmam que Temer, por sua vez, teria cometido cinco crimes: obstrução de justiça, corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa e prevaricação. Os três serão investigados em conjunto, no mesmo inquérito, de número 4.483, no Supremo Tribunal Federal. O presidente diz que não renuncia. Até quando? A situação acima, caro leitor, ensejou em diversos pedidos de afastamento do chefe da nação, sem prejuízo de manifestações extremadas, amplamente divulgadas pela imprensa. Na Esplanada dos Ministérios, na última quarta-feira, os protestos contra as reformas e pela renúncia de Michel Temer, duraram cerca de seis horas. Os estragos foram enormes. Uma vez mais, o país sangrou! Como se não bastasse, na quinta-feira passada, cercado por uma comitiva de 320 pessoas, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, Claudio Lamachia, entregou mais um pedido de impeachment contra Michel Temer, pugnando para que ele perca o mandato e fique inelegível por oito anos. Não sem razão, o site da revista americana Time, famosa pela lista das cem pessoas mais influentes do mundo, colocou o presidente Michel Temer entre os cinco líderes mundiais mais impopulares do planeta, ficando atrás, pasmem, inclusive do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bastante contestado em seu país. Qual será, então, a solução para estancar o sangramento? O que deve ser feito para que o país saia da UTI? Nos gabinetes de quem dita as regras do poder em Brasília, ganha cada vez mais força a construção da chamada ´saída TSE´, via através da qual o presidente seria cassado em duas semanas pelo Tribunal Superior Eleitoral (a famosa cassação da chapa Dilma/Temer, lembram?). Até a semana passada, a vitória de Temer no TSE era certa, principalmente depois que ele indicou dois novos ministros nos últimos meses, maximizando as chances de improcedência da ação proposta. No entanto, os novos contornos do caso, a partir da delação dos donos da JBS, mudaram todo o cenário. Em conversas reservadas, o ministro Napoleão Nunes Maia, por exemplo, já teria dito que desistiu da possibilidade de votar pela separação da chapa. Seus colegas de tribunal também confidenciam que a situação de Temer se agravou, embora tecnicamente ele não possa ser julgado por atos estranhos ao processo. O escritor Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo usado por Sérgio Marcus Rangel Porto, dizia que “a prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento”. Aqui, em terras tupiniquins, apenas se subtrai! Somar, ninguém soma! A história do Brasil parece refletir a idéia de uma casa “edificada na areia”, bem longe da rocha. Não sem motivos, portanto, Capistrano de Abreu, um dos primeiros grandes historiadores do Brasil, aconselhava: ´Eu proporia que se substituíssem todos os capítulos da Constituição decretando: Artigo único: todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha.´ Que comece pela nossa classe política. É tempo de virar a pagina! É momento de conter a sangria! (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia
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