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Mensagem: Nicomedes, craque dos pés à cabeça Alberto Sena Que Nicomedes de Almeida Teixeira me desculpe, mas só há pouco tempo soube, além de zagueiro do Ateneu, meu clube do coração – Cassimiro de Abreu e Ipê – ele se tornara professor de Literatura Portuguesa e Francesa. E, por via de consequência, tornou-se escritor poeta, tendo escrevinhado o livro de crônicas e poemas intitulado “Sentimentos Paradoxais”, que, com muito gosto, acabei de ler. É que saí de Montes Claros faz tempo. Embora tenha retornado várias vezes, mais para “buscar fogo”, como se diz, sem querer perdi contatos no decorrer de mais de 40 anos. E, de certo modo, perdi também a relação com os acontecimentos do dia a dia da nossa terra montesclarina. Depois de ler o livro pude concluir, ele não só sabia usar os pés com maestria como também a cabeça. Afinal, a fase de jogador de futebol é efêmera, muito mais do que a própria vida. Ao contrário de vários craques, que após pendurarem as chuteiras ficaram a ver navios, sem saber fazer outra coisa para sobreviver, Nicomedes praticou a sua melhor defesa ao marcar o gol de cabeça mergulhado no magistério para lecionar línguas Portuguesa, Francesa e Literatura. O livro dele é marcante. Por demais interessante, entremeado de experiências como professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Enquanto lia as crônicas e os poemas, imaginava, se aluno dele fosse, a essa altura estaria lhe cantando loas pelos exemplos de vida inseridos nas linhas e nas entrelinhas de suas crônicas e poemas publicados no Jornal de Notícias, de Montes Claros. Modesto, ele, segundo consta do prefácio escrito pelo jornalista Jorge Silveira, “Sentimentos Paradoxais” seria filho único e isso me fez lembrar o dizer do escritor mexicano, Juan Rulfo, autor de “Pedro Páramo e o Planalto em Chamas”, clássico latino-americano. Rulfo respondeu ao lhe perguntarem, 30 anos depois de escrever o seu único livro, por que não fez outros: “Não quero cansar as máquinas impressoras”, disse. Quero acreditar não ser de fato essa a pretensão de Nicomedes. Ele tem tudo para brindar os leitores com outros livros. Tanto de crônicas e poemas como romance. Afinal de contas, há uma Helena ao lado dele. Ela, que também é Maria, a exemplo da mãe de Jesus poderá inspirá-lo a transformar a experiência dele não em vinho, mas em literatura, de modo a embriagá-lo de entusiasmo para continuar o que começou bem. As crônicas dele são eivadas de humor e este é um dos ingredientes primordiais para quem gosta de ler. Afinal, do contrário bastam às durezas da vida a nós impostas não por designo divino, mas pelos homens travestidos de políticos a envergonharem a Nação, em todas as esferas de governos, do federal passando pelos estaduais aos municipais. “Sentimentos Paradoxais”, em verdade, é um livro que denuncia toda a sensibilidade do autor. Ele soube destrinchar, com leveza e amor, expressões e idéias de autores renomados, como Vinicius de Morais, só para citar um. O livro é dividido em crônicas e poemas. Com sua verve poética, Nicó, como é chamado na intimidade, por intermédio da sua Helena, quatro filhas e a neta Luísa enaltece as mulheres, como fazia Vinicius, autor do clássico da Música Popular Brasileira (MPB), “Garota de Ipanema” e tantas outras músicas-poemas de repercussão internacional. Em resumo, o livro dele é um exemplo de publicação bem humorada. Serve de lume para gregos e troianos nortearem a caminhada por esse planeta maravilhoso, que uma meia dúzia de energúmenos insiste em torná-lo obscuro como se o inferno fosse aqui. Ele foi mestre com a bola nos pés e também com a cabeça, enquanto perdurou sua passagem pelo magistério. Por isso posso felicitar os estudantes que puderam beber das águas de Nicó.
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