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Mensagem: Só mesmo São Pedro Manoel Hygino Napoleão Valadares, nascido em Arinos, Noroeste de Minas, é autor de ensaios, romances, poemas, haicais, contos, crônicas, registros de lembranças, criações teatrais e a história de sua cidade, itinerário percorrido desde 1982, quando lançou “Os grandes personagens do Grande Sertão-Veredas”, que facilita o acesso ao livro de Guimarães Rosa. Formado em Direito pela UnB, exerceu importantes cargos como diretor de Secretaria de Justiça Federal, advogado e assistente jurídico da União e assessor do Tribunal Regional Federal na 1ª Região. Em literatura, foi premiado no Concurso Petrobrás de Literatura e de Contos de Cataguases, dentre outros. Exerceu a presidência da ANE - Associação Nacional de Escritores e integra as Academias de Letras, Ciências e Artes de São Francisco e Brasiliense de Letras. O mais recente livro de Napoleão é “Do Sertão”, com belíssima capa em foto de autor não identificado, uma edição da André Quicé, de Brasília. O volume homenageia Danilo Gomes, bom na poesia e na prosa (inclusive pela conversa amena e envolvente), nascido em Mariana, membro da Academia Mineira de Letras e jornalista com vínculos na imprensa do Palácio do Catete desde a era Vargas. São cento e poucas páginas, que dão muito prazer à leitura, porque Napoleão não é usuário de vocabulário empolado, usando a linguagem fácil do cotidiano brasileiro, a não ser algum vocábulo típico da região natal. São contos que valem contos, ajudam a permear as durezas da vida neste indigesto começo de ano. Assim, o caso de Eurico, criança que não recebeu mimos paternos, criado pela avó, que não alisava cabelo de ninguém. O neto tinha de ser criado na linha dura, para ser homem instruído. Para uns, ele se revelou correto até demais, crescendo sistemático, histérico ou doido. Gostava de tudo certo, desentendia-se com vizinhos e afastados, mandava recados ásperos e cartas atrevidas aos distantes. Encanecido, impaciente, chegadas as rugas e dores, enviava mensagens, uma atrás da outra, para gente importante. O funcionário dos Correios, discretamente, separou uma carta, abriu e leu. “Santíssimo São Pedro: leva-me a escrever a Vossa Santidade o fato de estarem acontecendo aqui diversas e gravíssimas irregularidades, as quais devem ser enxergadas, o que não tem sido feito”. Não podia alongar-se, porque o destinatário, São Pedro, “é muito ocupado, abrindo a Sagrada Porta do Céu a uns, explicando a impossibilidade de abri-la a outros. Constava da carta: “o nosso país (o senhor sabe o nome), está numa situação de fazer vergonha. Depois que foi instituída a tal de reeleição, todo os presidentes se reelegeram. Exercem dois mandatos, ficam no poder por oito anos para consumação da rapina. E a reeleição se dá em razão de diversos fatores, como uso da máquina governamental sem o menor escrúpulo; compra indireta de votos para benefícios diversos; voto do analfabeto, que não sabe sequer o bem da nação ou a puxada do cabresto. E por aí vai”. Terminando: “encareço a Vossa Santidade que ouça as autoridades celestiais competentes e tome as providências cabíveis”. Assinado, Eurico Retilínio dos Santos.
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