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Mensagem: ENCONTRO MARCADO COM O “HOMEM DA CAVERNA” Alberto Sena Encontrei o “Homem da Caverna”. Quem acompanha o caso, se recorda, me refiro ao homem que viveu, e pode-se dizer, ainda vive, numa caverna, antes com a mulher e os filhos, lá no Curral de Pedras. Atualmente, ele vive em Montes Claros, no Bairro Major Prates, e anda as voltas com a papelada para entrar com ação na Justiça a fim de receber indenização dos 210,6 hectares que foram incorporados à área do Parque Estadual de Grão Mogol. Jovecino (e não Juversino, como foi publicado noutra matéria) tem sobrenome Silva Ribeiro e é muito conhecido na sede do Município e também no interior, porque ele se diz “cabo eleitoral do prefeito Jéferson e do prefeito eleito, Hamilton Gonçalves – Cuta”. Hoje em dia, ele vem a Grão Mogol uma ou mais vezes por mês, a fim de dar uma espiada na caverna e na área onde plantou mais de 20 mangueiras, 13 cajueiros e 70 cafeeiros. Jovecino diz ter posto os pés naquelas terras pela primeira vez em finais de 1988. Quando ele chegou lá, o Curral de Pedras já existia e, segundo disse, ninguém sabe ao certo a história ´porque antecede até ao surgimento de Grão Mogol´. Lá, ele manteve 15 homens vasculhando a área em busca de diamantes. Disse ter encontrado muitos, mas hoje não é um homem rico porque pôs tudo a perder, porém assumiu um novo estilo de viver baseado na religião evangélica. Ele guarda muitas histórias de quando garimpava naquelas terras. Uma vez à noite, ele e a ex-mulher dele viram uma bola furta-cor cortando os ares até a uma distância de uns cem metros. A mulher ficou apavorada, mas ele não, simplesmente entendeu ser aquilo “uma manifestação do diamante”. Jovecino está convencido de que onde tem diamante é possível deparar com situações como essa. Outra, segundo contou, foi ter ouvido vozes e até gritos no meio do mato sem haver ninguém por perto. Isso se chama “lefrozia”, mas não soube explicar a pronúncia nem a grafia certa nem o que venha a ser. (No dicionário não achei nada parecido). “Acho que está relacionada com os escravos”, disse. O meu encontro com o “Homem da Caverna” foi em Grão Mogol, ali na Praça Ezequiel Pereira, conhecida por Praça da Matriz, pouco antes do meio-dia. O Sol ardia na moleira. Procuramos uma sombra a fim de prosear um pouco e escolhemos uma das janelas fechadas da igreja, onde eu pudesse ter apoio para fazer anotações. Em realidade, como se poderá constatar pelas fotos, o “Homem da Caverna” nada tem de cavernoso. Pelo contrário, parece gostar de cuidar bem da aparência. Ele não tem timbre de voz gutural como se imagina deviam ter os homens pré-históricos. Com 66 anos, divorciado da mãe dos seus três filhos e dois enteados, Jovecino ama aquelas terras e só não vive mais lá porque a área virou parque. Entretanto, como ainda não foi indenizado, mantém o vínculo até mesmo por conta da ação que pretende impetrar a fim de receber o que lhe é devido. “Tenho muita saudade dali”, diz ele. Perguntei o que há por lá de mais perigoso, e principalmente para as crianças, pois ficaram com ele na caverna e nas proximidades até completar a idade escolar, Jovecino disse: “Cobra cascavel”. De vez em quando apareciam alguns filhotes de onça. como acrescentou. Por medida de precaução, as camas eram feitas de varas acima do chão, “porque cascavel rasteja, não sobe”. Ficamos de nos encontrar noutra ocasião para irmos juntos à caverna onde espero fazer fotos dele na entrada com as roupas que sempre usou quando de fato lá morava e garimpava. E também para tentar encontrar novamente a lapa onde diz ter achado um pote de barro com a data do ano de 1837 e o deixou no mesmo lugar.
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