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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: CÂNCER: O QUE IMPORTA É A ESPERANÇA! * Marcelo Eduardo Freitas Essa semana fui surpreendido com a desconfortável notícia de que os exames feitos em alguém da família haviam dado positivo para adenocarcinoma, uma espécie de tumor maligno que pode afetar vários órgãos do corpo humano, o que obviamente nos tirou o sono. Em uma linguagem clara e acessível, as análises diagnosticaram uma espécie de câncer, o que nos fez escrever um pouco sobre esse tormentoso assunto que até hoje assombra numerosas famílias. Antes de abordar o aspecto relativo às reações que se passam, em geral, na cabeça daqueles que são acometidos pelo mal, cumpre-nos esclarecer sobre a etimologia da palavra. A origem da expressão câncer vem do grego Karkinos e do latim Câncer, ambos significando caranguejo, pela semelhança observada entre as veias ao redor do tumor externo e as pernas do crustáceo, não obstante alguns acreditarem, até hoje, que o nome teria relação com o fato de a doença evoluir de modo similar ao movimento do animal. Os registros mais antigos do aparecimento do câncer são atribuídos a Hipócrates (460 a.C.), uma das figuras mais importantes da história da medicina. A característica destruidora da doença foi citada por Galeno, médico grego e primeiro pesquisador a classificar os tumores de pele em malignos e benignos. Galeno considerava o câncer como um mal incurável. E assim o foi por longas décadas. Hoje, contudo, a briga se tornou menos desleal, dado o razoável número de pessoas que alcançam a completa remissão em qualquer uma de suas mais de 100 formas de manifestação. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer - INCA, estima-se que, no Brasil, ocorrerão 472.050 novos casos de câncer. Destes, 234.570 afetarão pessoas do sexo masculino. 237.480 pessoas do sexo feminino. Como qualquer célula do corpo pode se transformar e originar um tumor maligno, estas estimativas evidenciam um aumento progressivo do número de casos no cenário brasileiro. Contudo, nem de longe, se encontram entre as principais causas de morte em nossa nação, capitaneadas pelos derrames (doenças cerebrovasculares), infartos e homicídios/acidentes de trânsito. O diagnóstico de câncer é vivido como um momento de angústia e ansiedade. A doença é rotulada como dolorosa e mortal. É comum o desencadeamento de preocupações em relação à morte. Além do momento do diagnóstico, ao longo do tratamento, o paciente vivencia perdas e diversos sintomas que, além de acarretar prejuízos ao organismo, coloca-o diante da incerteza em relação ao futuro, maximizando, assim, sua ansiedade. O resultado de um estudo que perguntou a 443 pessoas com câncer qual foi o primeiro pensamento ao serem informados do diagnóstico da doença é revelador: medo, desespero e morte são as palavras que vêm à cabeça quando é dada a fatídica notícia de que há um câncer no corpo! Em geral, o paciente oncológico entra em um estágio de reações psíquicas que se divide em 5 fases: negação, revolta, barganha, depressão e aceitação. São fases que se apresentam desde o momento do diagnóstico, mas que podem variar de pessoa para pessoa. Algumas passam mais tempo por uma determinada fase, outras mais rapidamente. Tem aquelas que invertem as fases. Outras, que não passam por todas elas. O fundamental é que o paciente seja informado de tudo sobre sua doença: o tipo de câncer, as formas e procedimentos de tratamentos, os sintomas e o prognóstico esperado. Quanto mais informações o paciente possui, maior será sua participação durante esse processo e menor será a sua ansiedade. Essa compreensão da doença e do tratamento e envolvimento, por parte do paciente, em cada etapa, favorecem o bom prognóstico e a melhor qualidade de vida, afirmam os especialistas. O médico austríaco Viktor Frankl dedicou toda a sua vida ao desenvolvimento e à divulgação de uma nova forma de terapia, que busca explorar o sentido da vida e a dimensão espiritual da existência. Ele acreditava que indivíduos com valores e crenças não materiais (espirituais), que lhes davam sentido de existir, eram mais capazes de enfrentar diferentes tipos de problema e sofrimentos. A religiosidade é uma forma diferenciada de percepção e conexão com a vida que procura captar, fruir e proteger tudo aquilo que transcende a materialidade e a imediaticidade do mundo. Não existe, portanto, religião alguma que seja falsa. Todas elas respondem, de formas distintas, a condições dadas da existência humana. Rubem Alves dizia que “o sentido da vida não é um fato. Num mundo ainda sob o signo da morte, em que os valores mais altos são crucificados e a brutalidade triunfa, é ilusão proclamar a harmonia com o universo, como realidade presente. A experiência religiosa, assim, depende de um futuro. Ela se nutre de horizontes utópicos que os olhos não viram e que só podem ser contemplados pela magia da imaginação. Deus e o sentido da vida são ausências, realidades por que se anseia, dádivas da esperança. De fato, talvez seja esta a grande marca da religião: a esperança. E talvez possamos afirmar, com Ernest Bloch: ‘onde está a esperança ali também está a religião’´. Embora não sem dor, que a chama da esperança não se apague! Ainda que tenhamos a certeza de que o próximo suspiro será o derradeiro! O câncer não é o fim, senão o começo de uma nova travessia! (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia

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