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Mensagem: CRIAÇÕES E CRIATURAS: O ERRO ESTÁ NO USO PELO HOMEM! * Marcelo Eduardo Freitas Em uma época onde apenas os homens tinham acesso às universidades, Marie Sklodowska Curie, nascida em 07 de novembro de 1867, foi a primeira mulher catedrática da Sorbonne, sendo também a primeira mulher, em toda história, a receber o prêmio Nobel. No final do século XIX, em 1898, Marie e seu marido, Piere Curie, descobriram uma substância que emitia quatrocentas vezes mais radiação que o urânio. Deram a ela o nome de Polônio, em referência ao país onde nasceu Marie. Naquela época, a Polônia estava sob domínio do Império Russo, portanto não era reconhecida como uma nação. Durante suas pesquisas, o casal percebeu que, ao remover o urânio e o tório da substância conhecida como pechblenda, este mineral se tornava ainda mais radioativo. Isso os instigou a procurar por novos elementos naquela amostra. Foi assim que Marie Curie conseguiu isolar o polônio. Pouco tempo depois, começaram suas experiências com o rádio, três mil vezes mais poderoso que o urânio. Criaram, então, a palavra radioatividade e, juntos, receberam o prêmio Nobel. Em uma conferência realizada na Suécia, em Estocolmo, Pierre chegou a advertir aos presentes sobre o caso do próprio Alfred Nobel, inventor do dinamite: “Os poderosos explosivos permitiram à humanidade realizar trabalhos admiráveis. Mas também são um meio terrível de destruição nas mãos dos grandes criminosos que arrastam os povos à guerra”. Em tempos modernos, amargamos a nossa tranqüilidade com frequentes explosões de caixas eletrônicos, à guisa de exemplo. Pouco tempo depois, Pierre foi atropelado justamente por uma carreta que carregava quatro toneladas de material militar. Marie sobreviveu. Seu corpo, no entanto, pagou uma dura pena em razão de seus êxitos com as pesquisas cientificas. As radiações provocaram queimaduras, chagas e fortes dores. Marie morreu de anemia perniciosa. A filha, Irene Joliot-Curie, que também foi prêmio Nobel de química em 1935 pelas suas conquistas no novo reino da radioatividade, morreu de leucemia. Outro que também não teve muita sorte com o mal uso de sua criação foi o argonauta brasileiro Alberto Santos Dumont (1873-1932). Nascido em Minas Gerais, em 20 de julho de 1873, ele se apaixonou pela aeronáutica ao ler, quando menino, as obras do escritor francês Júlio Verne. Aos 32 anos, sobrevivente de uma série de acidentes, recebeu o título de Cavalheiro da Legião de Honra da França. Aos 33, inventou um pássaro a motor que decolava sem catapulta e se elevava e voava a seis metros do chão. Ao aterrissar, declarou: “Tenho a maior confiança no futuro do aeroplano”. Aos 49, pouco depois da primeira grande guerra, advertiu à liga das Nações: “As proezas das máquinas aéreas nos permitem entrever, com horror, o grande poder de destruição que elas poderão alcançar, como semeadoras da morte, não apenas entre as forças combatentes, mas também, infelizmente, entre as pessoas indefesas”. Em 1914 teve início a Primeira Guerra Mundial. Santos-Dumont, desgostoso por ver o avião transformado em hedionda arma mortífera, se retirou definitivamente do campo de provas. Era o início de uma grave depressão que mudaria profundamente o caráter desse aviador excepcional e o assombraria pelo resto de sua existência. Aos 53 chegou a afirmar: “Não vejo razão para que não se proíba os aeroplanos de jogarem explosivos, quando se proíbe de jogar veneno na água”. Já aos 59 se pergunta: “Por que inventei isso, que em vez de ajudar o amor se converte numa maldita arma de guerra?” E se enforca em um quarto de hotel, aproveitando-se da ausência de um sobrinho. De tão pequeno, não pesando quase nada, uma gravata foi suficiente para o triste fim. Caro leitor, os seres humanos são capazes de criar coisas espetaculares. No entanto, ao mesmo tempo em que conseguimos nos superar e melhorar nosso padrão de vida, somos capazes de utilizar nossas descobertas e invenções para prejudicar a própria existência humana e a natureza. Há, nesse aspecto, um evidente e gritante paradoxo, razão maior dessa escrita. É de se concluir, portanto, que as inovações científicas e tecnológicas não são boas ou más para os homens em razão de sua simples existência. O uso que fazemos delas é que pode ser útil ou prejudicial ao futuro da humanidade. De um modo geral, a tecnologia tem contribuído para a destruição da natureza. Lado outro, pode contribuir, muito mais, para reparar e prevenir os danos que diuturnamente temos ocasionado. É preciso consciência coletiva e menos estupidez. Afinal, como diria Albert Einstein, “só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana, mas não estou muito seguro da primeira. Da segunda pode-se observar como nos destruímos só para demonstrar quem pode mais”. (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia
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