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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: ÉS PÓ E A ELE VOLTARÁS! * Marcelo Eduardo Freitas O livro do Gênesis é o primeiro, tanto da Bíblia Hebraica como da Bíblia Cristã, antecedendo, pois, ao Livro do Êxodo e fazendo parte daquilo que se denominou por Pentateuco. Em Gênesis, 2, 7, consta que Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou em suas narinas o fôlego da vida e o homem se tornou um ser vivente. Embora na cultura ocidental as expressões “pó” e “argila” não sejam usadas para a denominação de um mesmo substantivo, tem-se que, em hebraico, a expressão “apar” é usada para idêntica finalidade. Literalmente, significa a terra solta que fica acima do solo, sem que se precise revolvê-la.´ Na liturgia católica, em especial, reverbera até hoje a frase que, em latim, ganhou ares estarrecedores, fazendo tremer homens e mulheres de bem: pulvis es et in pulverem reverteris (És pó e a ele voltarás!). Reduzir ao pó, deste modo, significa retirar do ser humano o fôlego da vida, soprado pelo Criador, nas narinas da criatura, no momento da criação. O sopro da vida, assim, a nosso sentir, reveste-se na mais exuberante obra de que a imaginação humana ousou alcançar. Nasce, a partir daquele momento transcendental, a plenitude do livre arbítrio, sem o qual a própria existência perderia todo o seu sentido. Somos senhores de nossas próprias escolhas! Não raras vezes, contudo, atribuímos as mazelas de nossa existência àquilo que se denominou de destino.´ Livre Arbítrio (De Libero Arbitrio) foi uma das obras de autoria de Santo Agostinho, datada de 395. Escrita em forma de diálogo do autor com o seu amigo Evódio, Santo Agostinho elabora, em referida obra, algumas teses a respeito da liberdade humana e aborda a origem do mal moral. Com certa frequência, à expressão livre arbítrio se atribui o mesmo significado da expressão liberdade. Contudo, Santo Agostinho buscou distinguir claramente esses dois conceitos: O livre arbítrio é a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. A liberdade é o bom uso do livre arbítrio. Isso significa que nem sempre o homem é livre quando põe em uso o livre arbítrio, a carecer continuamente de como usa essa característica. Dessa maneira, o livre arbítrio está mais relacionado com a vontade. Porém, uma distinção entre os dois é que a vontade é um ato ou ação, enquanto o livre arbítrio é uma faculdade concedida ao ser humano. Para santo Tomás de Aquino, por seu turno, embora o livre-arbítrio pareça designar um ato, ele é na verdade uma potência ou faculdade, por meio da qual podemos julgar livremente. Assim sendo, tal potência não pode ser confundida com o hábito nem com nenhuma força a ele submetida ou ligada. No âmbito da filosofia, o livre arbítrio se contrapõe ao determinismo, que defende que todos os acontecimentos são causados por fatos anteriores, excluindo-se, portanto, a responsabilidade do ser humano pelos seus atos. A filosofia entende que o indivíduo faz exatamente aquilo que tinha de fazer. Seus atos são inerentes à sua vontade. Ocorrem com a força de outras causas, internas ou externas. Antígona, obra espetacular de Sófocles, afirma que “há muitas maravilhas neste mundo, mas a maior de todas é o homem”. Carrego minhas muitas dúvidas a esse respeito. Afinal, temos cometido tantos erros que, não obstante a beleza da criação, chego a desanimar-me com o ser humano. Não sem razão, Blaise Pascal, filósofo e escritor místico cristão, refletindo sobre esse tormentoso tema, chegou a indagar: “O que é o homem na natureza? Um nada em comparação com o infinito, um tudo em face do nada, um intermédio entre o nada e o tudo”. É preciso ajustar o prumo, sacodir a poeira e arrastar pelo exemplo. Quero, em vida (e nesta!), ver um mundo melhor. A começar pelo nosso Brasil, país que por longos anos abrigou degredados e coxos de consciência. Talvez por essa herança maldita ainda tenhamos que amargar por mais duas ou três gerações o peso da busca pela vantagem, pelo ganho fácil, pelo ócio em detrimento do trabalho árduo. Não sem razão, portanto, Chico Xavier afirmava que “o exemplo é uma força que repercute, de maneira imediata, longe ou perto de nós... Não podemos nos responsabilizar pelo que os outros fazem de suas vidas, cada qual é livre para fazer o que quer de si mesmo, mas não podemos negar que nossas atitudes inspiram atitudes, seja no bem quanto no mal”. Que sejamos fontes de inspiração, luz e sabedoria existencial. Palavras convencem! Exemplos arrastam! O que vê ao observar a própria imagem refletida no espelho? É preciso renascer antes que se retorne ao pó! (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia

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