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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: UM “SCHERLOCK” SEM “HOLMES” Alberto Sena Aproveitando a oportunidade de participar da reunião ordinária do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, como “um investigador do tempo”, fiz algumas incursões pelas imediações da Rua Corrêa Machado, onde morei por último antes de embarcar de mala e cuia para a capital mineira, em fevereiro de 1972. A intenção era encontrar resquícios daquela rua de antigamente, quando se iniciava a urbanização do terreno onde antes era o “campo do União”. Armado de minha inseparável câmera fotográfica semiprofissional, adentrei a área a partir da Rua João Pinheiro. Primeiro passei, acompanhado de Silvia Batista, pela esquina das ruas General Carneiro e João Pinheiro, onde era a casa da “tia Ambrozina”, de lembranças tantas. Ela era mãe de Rubinho e Magela Sena Almeida. A casa deu lugar a um prédio. Não encontrei nenhum resquício dela. Mas, em frente, do outro lado da rua constatei, ainda em pé, uma casa em estilo colonial da época em que vivia em Montes Claros e não hesitei em fotografá-la. Embora quase tudo estivesse mudado, pude encontrar a casa de “dona Tina”, já falecida, quando beirava os cem anos de idade, na Rua Corrêa Machado. Ela era avó de Eustáquio, um vizinho com o qual brincava ainda na adolescência, jogando bolinha de gude e finca no período das águas. A casa de “dona Tina” ainda está em pé. A única diferença notada foi uma grade azul instalada por motivos óbvios. Mais adiante, na esquina das ruas Corrêa Machado e Dr. Veloso encontrei a marca do lugar onde havia um poste de ferro que a menininada usava para atanazar a vida de dona Pequenina, que em texto anterior tratei-a como sendo “dona Pequena”. Era uma mulher pequena, cabelos brancos. Nutria orjeriza dos capetinhas que batiam no poste com pedras, arrancando dele o ruído de metal parecido com o de sino. Ainda na mesma esquina, do outro lado, a casa de Nêgo Rô continua em pé, protegida por um muro alto. A mangueira é a mesma, nesta época já com frutos em meio às flores. Nêgo Rô era um rapaz bom de bola. Com ele jogámos peladas no campo do União, além das indigitadas bolinhas de gude e finca. Soube poucos anos atrás que ele já não está mais no meio de nós e nem sei se a família dele ainda mora no local. Embora tenha feito uma incursão de “investigador do tempo”, as visitas foram “an passant” porque não havia tempo de incomodar os habitantes da casa com perguntas como: a família de Nêgo Rô ainda mora aqui? O que aconteceu com ele, prematuramente levado do meio de nós? Entre outras curiosidades. Lembro que foi o pai de Nêgo Rô, fazedor de casas, pedreiro chamado, quem fez o forro de madeira da casa onde moramos no número 238 da Rua Corrêa Machado. Vejo ainda agora a cena dele e de mais ajudantes instalando o madeirame para pregar as tábuas do foro. Antes do forro, uma das minhas diversões era subir até o telhado usando o umbral da porta. Subimos a Rua Corrêa Machado e entramos na Rua Camilo Prates. Pouco depois da esquina ainda encontrei a casa de Juquinha, que nascera com deficiência, mas tinha cabeça inteligente e durante bom tempo ele foi técnico dos nossos times de futebol. Em frente a casa dele morava Zezinho, mas a casa de Zezinho não mais existe. Seguindo pela Rua Camilo Prates, entramos à direita na Rua General Carneiro, até a passagem de nível do trem da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil. Pouco antes morava a família de Roberto Câmara, com quem jogava pingue-pongue e tinha prosas inteligentes. Hoje, Roberto é médico do coração. Grande figura, devo a ele e mais alguns ex-atiradores do TG 87, a não exclusão “por indisciplina”. Tinha 58 pontos perdidos e com mais dois seria excluído. Tinha de fazer exército em Beagá. Fotografei duas casas no local. Numa delas morava Roberto, estou certo disso. De lá fomos pela Rua Bocaiúva, sentido Praça Coronel Ribeiro. A meio quarteirão lembrei das partidas de pingue-pongue jogadas na União Operária. A casa continua a mesma. Um quê de tristeza mesmo abateu-me ao deparar com a casa onde morou a família de Josimar e Jarbas Oliveira, no chão. Era uma casa em estilo colonial, feita de adobe. Quando estudávamos na Escola Normal, quase que diariamente passava na casa dele para irmos juntos ao antigo prédio atrás da Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José, hoje abrigando o Museu Regional do Norte de Minas, sob a batuta da operosa Marina Queiroz. Ao final da incursão, pude concluir que, de “investigador do tempo”, não passei de um “Scherlock” sem “Holmes”.

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