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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A tampa do esgoto Hoje em Dia - Manoel Hygino Passei parte do feriado de Corpus Christi meditando sobre o Brasil que nos viu nascer e no qual sobrevivemos. Li artigo do advogado Aristóteles Atheniense sobre a hora que atravessamos e no qual evoca o primeiro pronunciamento no STF do ministro Luís Roberto Barroso. Declarou este que o mensalão não foi o maior escândalo de nossa história, mas somente o mais investigado. Em sua opinião, não há corrupção em um ou outro partido, mas somente “existe corrupção”. Os fatos seguintes à delação do senador Delcídio do Amaral servem de exemplo. Parece que se abriu a caixa de segredos espúrios envolvendo figurões da política, que põem em dúvida ou lançam na areia movediça do crime cidadãos supostamente incorruptíveis e respeitáveis. Se não o foram, deveriam sê-lo. Pensar o Brasil agora é necessidade urgente em razão do perigo que a nação enfrenta, e no mesmo barco nos encontramos. A propósito se manifestou o filósofo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Denis Larrer Rosenfeld no distante 2009: “A corrupção tem se revelado uma calamidade que consome o resultado do trabalho de milhões de brasileiros, envergonha o país e mancha a imagem do Brasil no exterior. É um problema que, como se viu nos últimos anos, independe de ideologia ou de partidos políticos. O povo brasileiro sabe dos fatos e acontecimentos. Conhece porque o dinheiro dos impostos não volta em obras e serviços públicos, em elevação de padrões de vida, em melhoria de estrutura rodoviária, por exemplo; em mais saúde, educação e segurança, como de direito do cidadão e ser humano. Grande parcela de sua contribuição se perde nos desvãos da máquina administrativa e nos esgotos da política, cujas tampas se abrem hoje para conhecimento geral e irrestrito. Já sentenciavam os antigos: Impunitas peccandi illecebra. Assim é: a impunidade estimula a delinquência. O desconforto em que vivemos, a ausência de um sistema eficiente de assistência ao cidadão e à sua família, a ampliação da violência de um modo geral resultam do desrespeito na origem, quando os mandatários agem sem observância de princípios éticos, a talvez ou certamente confiantes em que os criminosos, os desviadores de recursos públicos, não serão punidos como deveriam. Entre nós, estabeleceu-se a regra de que a lei é dura, mas estica. Trágico o que há. As agremiações políticas, em grande parte, são comandadas pelos mesmos grupos há anos, décadas, cuidando dos cargos como patrimônio pessoal. Não há espaço para novas lideranças, quando estas até temem assumir uma posição diante das falcatruas. O êxito dos escândalos provoca o descrédito na atividade política e os cidadãos de bem dela fogem. No Brasil, deixam de existir cidadãos, substituídos por meros contribuintes ou pagadores de impostos e consumidores. A primeira prova de que se pode enfrentar o quadro deletério e pernicioso foi o mensalão, pelo qual ainda alguns pagam. Tornou-se a abertura apenas da rede de esgoto, que se vai descobrindo a cada dia e hora e não mais causa surpresa. Pelo esgoto, que falta no saneamento das cidades, vê-se escapulir o dinheirinho suado do trabalhador, aliviado em suas dores pela esperança em bons resultados das partidas de futebol de seu time e pela esperança de uma grande bolada na Mega-Sena.

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