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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A MORTE DIGNA DE UM BRAVO JORNAL Alberto Sena Recebi do amigo virtual Carlos Roberto Veloso, de Montes Claros, “in box”, a mensagem seguinte: “Fazendo uma arrumação e triagem de meus guardados antigos, encontrei a última edição do “O Jornal de Montes Claros”, publicada em 11 de março de 1990”. “Como esse informativo foi a fonte de iniciação para muitos jovens de nossa cidade, inclusive aonde você dedicou os primeiros passos profissionalmente, gostaria de saber se interessa ter esse exemplar. Se OK, informa-me que irei passar-lhe”. Respondi positivamente, claro, a mensagem e informei o meu endereço e ele ficou de me enviar o exemplar da derradeira edição do “O Jornal de Montes Claros”. Disse-me mais Carlos Roberto: “Lembro de você e de outros como Robério, Berginho, Tanajura, Robson etc. trabalhando no Jornal. Na época meus pais eram amigos do escrivão Liz Paixão”. (Liz Paixão era um homem magro, meio casmurro ou casmurro e meio, mas competente como escrivão de polícia. Quando fui cobrir polícia para o JMC, ele e Guedes revesavam na oitiva dos envolvidos em inquéritos). “Fui por intermédio de Liz Paixão prestar serviços na Delegacia de Polícia (lembra do capitão e depois major Abdo?) e os jovens repórteres cobriam a área policial. Na época do movimento de 1964. Enviar-lhe-ei o exemplar na próxima semana, visto estar indo hoje para minha propriedade rural”. Disse eu então a Carlos Roberto recordar sim da época “e do major Miguel Abdo; tinha uma filha conhecida”. Desejei-lhe um bom final de semana, evidentemente agradecendo pela gentileza. Neste 31 de maio, ele me enviou outra mensagem afirmando ter postado nos correios “o último exemplar do Jornal de Montes Claros, espero já tê-lo recebido”. Não havia recebido ainda e disse a ele, “vamos aguardar até amanhã”. Neste 1° de junho recebi o envelope pardo em mãos, das mãos do jovem dos correios. Estava no portão, conversava com uma pessoa e ele chegou. Sorrindo entregou-me o envelope. Tratei imediatamente de enviar uma mensagem ao amigo: “Acabo de receber o jornal. Agradeço-lhe muito”. Ele, então, respondeu-me: “(...) Tenho certeza que, com você, estará em boas mãos”. Agradeci “pela confiança”, afinal, havia me enviado a última edição do jornal onde iniciei em 1969, aos 17 anos. Trinta e oito anos depois de criado, em 1990, o jornal “escola” formador de jornalistas ainda em atividade na grande imprensa, publicava a última edição. Em Belo Horizonte, ao ingressar na redação do jornal “Estado de Minas”, ouvi dizer pela primeira vez o quão melancólico e triste é o fim de um jornal. Era a agonia do “Diário de Minas”. Quase concomitantemente, ao fim do “Diário Católico”, que se tornou “Jornal de Minas”. O “Diário da Tarde”, já extinto, cria relegada pelo Diários Associados por causa do “Estado de Minas”, durante os seus 77 anos, além do “Diário do Comércio” representavam a mídia impressa diária da capital. Na época em que a notícia era prioridade. Surpresa mesmo foi quando os Diários e Emissoras Associados” criaram o “Jornal de Shopping”. Era para ser um jornal “de compras”, como queria o diretor Executivo dos Diários Associados, na época, Camilo Teixeira da Costa. Mas o editor do jornal, Wander Piroli, jornalista e escritor consagrado deu aos leitores um semanário de qualidade, que concorria com o “Jornal de Casa” aos domingos. Dos jornais citados, só o “Estado de Minas” e o “Diário do Comércio” não morreram, mas entraram no estágio de agonia, da mesma forma como aconteceu aos outros. O fechamento do “Jornal de Shopping”, em 1982, foi de modo agressivo. O jornal já estava na gráfica dos Diários Associados para ser impresso, na noite de sexta feira. Circularia no final/início de semana. A surpresa estava na primeira página. A direção do DA pôs uma nota informando aos leitores ser aquela edição a última, sem dar dar a menor satisfação ao Piroli e a redação. Nem se pode comparar esse ato do DA, indigno, com a maneira digna como o jornalista Oswaldo Antunes, dono do “O Jornal de Montes Claros” anunciou, em editorial primoroso, intitulado “Calar antes do fim”, a edição derradeira. Vale a pena reler o texto. Começa assim: “Este será o último número do Jornal de Montes Claros, depois de trinta e oito anos de trabalho e de bravura...”

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