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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: MEMÓRIA DE UMA RUA DESFIGURADA Alberto Sena A foto em epígrafe postada por Wagner Gomes, em nome da mãe dele, dona Maria das Dores Gomes Guimarães, de memória viva no meio de nós, espelha com a clareza do Sol montesclarino, a minha, a nossa Montes Claros. Os pronomes possessivos estão no singular e no plural porque gerações de montesclarinos ainda vivos têm essa imagem epigrafada na memória. A foto retrata a Rua Doutor Santos, trecho compreendente entre as ruas Barão do Rio Branco e Dom João Antônio Pimenta, Centro da cidade. Seria o caso de alguém se interessar em sacar uma foto desse mesmo trecho e ângulo a fim de fazer uma comparação. À exceção da casa onde morou a família de Sinhozinho Batista, tudo hoje está diferente. Mas, apesar da voracidade do tempo a causar transformações – e não podia ser diferente porque a vida não é estática – a minha, a nossa Montes Claros resiste em meio a metrópole dia a dia desenhada pelos que na cidade ficaram e nela vivem. Talvez quem ficou não perceba o quanto quase tudo mudou. Enquanto a cidade estava circunscrita às famílias que deram a Montes Claros personalidade marcante, envolta em seus probleminhas corriqueiros, evidentemente, a vida era menos, muito menos estressante comparada aos dias atuais. Os montesclarinos de então tinham tempo suficiente para dar caloroso “bom dia” às pessoas e com elas trocar figurinhas e conversar abobrinhas. Isto foi muito antes do quesito “insegurança pública” influir no comportamento dos cidadãos. As famílias eram conhecidas por apelidos. Era Fulano, filho de Sicrano, igualzinho ao que ainda vigora em Grão Mogol, onde na lista telefônica consta os apelidos dos assinantes, porque pelos nomes próprios as pessoas não são reconhecidas. Montes Claros perdeu isto e muito mais com o advento da BR-251. Não se pode negar, a rodovia, há anos clamando duplicação, trouxe benefícios para Montes Claros e região e ao mesmo tempo transporta a produção de bens de toda ordem no seu movimento pendular noite e dia. Mas escancarou a cidade de tal maneira que, sem um plano diretor para pôr ordem na casa, cresceu desembestadamente, e, agora, tem muito a reclamar. Reclamações à parte, melhor retomar lembranças porque quem tem o que recordar vive muitas vezes a experiência positiva do passado sem necessariamente mergulhar nas águas do saudosismo, mas só pelo prazer de reviver porque possui histórias para contar. Recordo-me que nesse trecho da Rua Doutor Santos moravam as famílias de Mário Viana, dentista prático; Jair Aminthas, este pai de Aminthas, Marcos e Fátima. Adiante, na esquina, Sinhozinho Batista, pai de Alcebíades Batista, a quem solicito neste momento uma consultoria, por ser ele especialista em matéria relacionada com a famosa rua. “A primeira casa à direita” – diz ele – “é dos nossos vizinhos, sr. Didi e dona Nonô; depois da casa de meus pais, era a casa de nossa querida amiga, dona Fininha; tinha a barbearia de Osmar e Cachangá, o Bar Guarani, de Vadiolando Moreira, a lavanderia Estrela, a Vidraçaria de Rosental Caldeira, uma pensão, a casa de dona Duca, a Gráfica Orion, a casa de Francisco Peres e outros vizinhos”. Agradecido pela consultoria do amigo, retomo a narrativa para dizer que do lado esquerdo da rua recordo-me da família do médico Cristiano Borém e do também médico João Valle Maurício/Milene, pai/mãe de Mânia, Nair, Vitória e Liliane. Ao lado moravam Carlos Meira e família. Em frente, do outro lado da rua, Gílson Peres, Gílson Capeta, que fazia jus ao apíteto. A Rua Doutor Santos era a veia aorta da cidade. Teve várias fases antes de chegar na atual, totalmente modificada e por demais barulhenta, com briga de sons dos comerciantes, cada um querendo fazer mais barulho do que o outro ao expor as suas mercadorias. Entretanto, agora, no estertor, surge uma luz no final do túnel: a salvação urbanística de Montes Claros pode vir a ser a recente escolha da cidade para estudo internacional sobre planejamento urbano, proposição da Unesco, via professor suíço Jean-Claude Bolay, com a parceria da Unimontes. Esperança sempre haverá.

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