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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: CASA DE HAROLDO LÍVIO EM REFORMA Alberto Sena Maria do Carmo Santos Oliveira, viúva do escritor, cronista e historiador, Haroldo Lívio de Oliveira, falecido em janeiro de 2015, já faz alguns dias encontra-se em Grão Mogol cuidando da reforma da casa deixada por ele, na Rua Luiz Gonçalves, 74, no Centro Histórico. Soube disso porque moro na mesma rua, algumas casas adiante, e vi a movimentação de pedreiros e pintores. Por esses dias coincidiu de estar passando na porta no momento em que Maria do Carmo chegava da rua. Ela mostrou-me a casa toda por dentro. Nunca havia entrado lá e confesso, tinha curiosidade em saber como é o interior da casa. Vendo a fachada imaginava lá dentro. Nada sei sobre a história da casa. Pode ter sido sede de uma fazenda. A partir do seu estilo percebe-se ser antiga. No mínimo “uns 200 anos”, diz Maria do Carmo. Uma casa com tanta história leva a gente a pensar na Grão Mogol de 200 anos atrás. O movimento da cidade devia ser superior ao de hoje devido à corrida ao diamante. Homens, principalmente, todos garimpeiros indo e vindo, estrangeiros de várias partes chegando ávidos por fazer fortuna. A Pedra Rica, a primeira ocorrência no mundo de diamantes incrustados foi chamariz. A casa é de pedras, como de pedras são diversas casas de Grão Mogol. Umas estão com as pedras à mostra e noutras as pedras estão escondidas por argamassa de reboco. A casa onde Haroldo Lívio viveu dias memoráveis como cidadão honorário grãomogolense guarda histórias impregnadas nas paredes, no telhado e no chão que Maria do Carmo e as filhas, Fabíola Belkis, Luciana e Clarissa Mônica agora têm a missão de levar adiante. Esta é a primeira reforma da casa desde que Haroldo a comprou. “Ele nunca tinha tempo de reformar”, disse ela. Como se trata de um patrimônio historicamente importante e é um bem estimativo, Maria do Carmo se armou de coragem e veio a Grão Mogol com a disposição de só ir embora depois de a reforma acabada. Com a autoridade de quem sabe o que quer fazer ali na casa, ela contratou o mestre de obras Carlito Gomes. Ele assumiu a empreitada e aos poucos a casa foi ganhando feições renovadas, a começar da fachada, pintada de branco com janelas azuis, o que ficou melhor. Toda a fiação elétrica sob risco de um curto-circuito, foi substituída. O muro da frente da casa foi substituído. Ganhou portão para entrada de carros no pátio onde estão pés de manga ubá e espada, além do jardim. Nele estão sendo afixadas lanternas para realçar o aspecto noturno coerente com a aura de Grão Mogol, uma das mais impressionantes cidades históricas mineiras. Ao contrário das paredes de casas construídas atualmente, estreitas e de tijolos furados, as paredes levantadas antigamente são largas, seja em casas de pedras, de adobe ou de enchimento. As paredes da casa da família de Haroldo têm meio metro de largura. Com o seu toque feminino, Maria do Carmo refez o muro de pedras nos fundos da casa até meia altura e nele instalou uma cerca de arame farpado, para preservar a visão exterior. A casa dá fundos para o Ribeirão (do Céu) do Inferno. Os móveis são antigos, compatíveis com o seu interior. “Acontece de recebermos 20 pessoas duma vez”, conta Maria do Carmo. O mais incrível é que todos ficam bem acomodados. Na cozinha, as enormes panelas confirmam a hospitalidade dela. Têm poder para alimentar um batalhão. Maria do Carmo procede como se estivesse contando com a aprovação de Haroldo. Teve um momento, antes de convidar para tomar café com bolos, queijos e outras guloseimas, que ela perguntou: “Você acha que o Haroldo aprova isto”? “Sem dúvida alguma”, respondi. E emendei: “Essa reforma significa que vai se mudar para Grão Mogol”? Ela disse que não, mas “virei com mais frequência”. Acredito, quem parte não leva memória alguma da vida terrena, mas na hipótese de haver alguma possibilidade, a essa altura Haroldo sorri de satisfação pela maneira como Maria do Carmo conduz o processo de fazimento da reforma, como uma arquiteta em plena atividade.

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