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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: LUIZ DE PAULA E AS VELHAS FOTOGRAFIAS Wanderlino Arruda Luiz de Paula Ferreira, homem que foi sempre ilustrado e prático, lido, corrido e curtido na vida, uma vez me disse, com um tanto de malícia no sorriso, que a única arte que não progrediu no mundo moderno foi a dos fotógrafos e retratistas. Pelo menos, no que tocou a ele, jamais viu nada de melhoria nas fotos - até mesmo nas retocadas - os quais, a bem da verdade, até têm piorado muito. Por exemplo, quando ainda estava nos dezoito, nos vinte e cinco, nos trinta anos, as fotografias que ele tirou com Serafim Facella, eram bem mais bonitas, com a pele mais lisa, os olhos mais brilhantes, os cabelos bem fartos, soltos e retintos de boa e bonita cor. A musculatura era de encantar, cada parte e tudo no lugarzinho, tudo bem proporcionado, rugas nenhumas. Já neste século, que vai bem adiantado, ele sempre teve até medo de posar, porque mesmo os melhores fotógrafos, com as melhores máquinas - digitais ou não - nada conseguem, nem mesmo uma vaga lembrança das antigas fotos cheias de charme e juventude. Uma lástima, uma involução lastimável no universo da fotografia! É isso aí, nem tudo progrediu neste mundo, vasto mundo de artistas e mortais e imortais. Acredito que a queixa de Luiz de Paula quanto aos fotógrafos deve ser a de todos nós que, mercê de Deus, passamos dos cinquenta ou dos sessenta, dos oitenta, salvação talvez de raras exceções, que não ouso dizer os nomes, para não ficar denunciando idade de ninguém, principalmente das madames minhas amigas. Mas que a fotografia não progrediu com relação a este aspecto das feições humanas, isso realmente é verdade. Os leitores mais antigos que façam um exame nos álbuns de família, uma comparação no porte, o meio-de-campo sem barrigas, a retidão na coluna, o nariz afilado? Onde estão, idosa criatura, o busto bem levantado em posição de três horas, o pescoço escultural, os cabelos sedosos e cheios, a boca sensual, cada curvinha em seu lugar? Oh! Como tudo mudou! Como os fotógrafos perderam uma técnica tão simples de iluminar a velha juventude! De fato, só a fotografia é capaz de paralisar o tempo, capturar momentos, segurar uma jovial feição enquanto ainda existe. Nada mais na vida é capaz de parar o tique-taque dos segundos ou da eternidade, solidificar minutos de uma existência, movimentos incessantes como as das chuvas e dos rios. A fotografia é um plasmar de realidade. É o que é: objetiva, concreta, verdadeira. O fotógrafo, o artista, o criador nada pode mudar, porque entre ele e o figurante existe a máquina, sempre fria, indiferente, veraz, permitindo quando muito só alguns retoques de Fotoshop ou de outros programas de imagens. O fotógrafo não pode ser como o pintor, que escolhe o tipo de tinta, escolhe a cor, trabalha mais com a imaginação do que com a realidade, um dos poucos profissionais ainda com direito a ser romântico num mundo de ilusões e desilusões como o nosso. O fotógrafo, por mais criativo que seja, sempre encontrará limites à sua ação. Mas é exatamente porque a fotografia é a prisão do tempo, que ela se torna importante, atual para cada etapa, ao mesmo caso documento e denúncia, repositório de bons motivos de muitas lembranças, quantas vezes moldura de infinitas saudades. Com que grata recordação olhamos nossos traços dos anos de infância, dos dias de adolescência, da escola, da formatura, do casamento, da lua-de-mel, de momentos de posse em alguma instituição. Como são lindas as paisagens das nossas inexperiências, dos sonhos inacabados, das gostosas torturas da paixão jovem! Como é importante o brilho de uma recordação! Tudo tão grato aos olhos do corpo e da alma! Quem quiser saber mais é só percorrer o Facebook de nossa saudosa Maria das Dores Guimarães Gomes, tão bem trabalhado pelo importante montes-clarense Wagner Gomes. Tem muita razão o meu amigo Luiz de Paula. Ele está certíssimo na birra e na zanga para com os que tiram retratos. Bem que os fotógrafos poderiam descobrir nova fonte de juventude. Mesmo que esta não espalhasse nem um pouquinho a mínima verdade! Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais e de Montes Claros

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