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Mensagem: UM DOMINGO PREOCUPANTE Estive nas manifestações. Tudo muito colorido, bonito. Muita gente. O dia estava radiante. Era um amarelo só. Nunca havia visto tantas pessoas espontaneamente protestando contra um governo nas ruas de Montes Claros. Chavões gritados a pleno pulmões contra Lula, Dilma e a corrupção. Que eu me lembre de multidão assim, só nos showmícios das décadas de 80 e 90, quando os candidatos, pra encher a praça, traziam cantores sertanejos do tipo chitãozinhos e chororós. Naquela época, o povo via o show e ia para casa satisfeito, sem dar muita bola para a politicagem. Mas, no domingo, vi alegria, disposição, muita gente cheia de esperança, numa vontade danada de passar este país a limpo. Animei-me. Cumprimentei e abracei muitas pessoas. Muitas. Quase todo mundo que eu via, abraçava. Então, comecei a perceber que era minha geração que estava presente, que maciçamente era minha classe social que estava na rua. Senti a falta de gente que não é possuidora de um poder aquisitivo ou detentora de um padrão de vida e de consumo razoáveis. A maioria das pessoas tinha certamente mais de 35 anos e pertenciam à classe média. A pouca juventude presente era composta de meninos e meninas de até 15 anos que ainda acompanham obedientemente os pais. Raros eram os jovens de 16 a 35 anos protestando. Por que eles não foram? Alienados? Desmotivados? Com o que eles se preocupam? Onde estavam? Sentem que este país não lhes pertence? Esquisito. Não entendi. Nós, os pais, estávamos lá, em defesa de um futuro melhor para nossos filhos e netos e, eles próprios, ausentes. Parece que não estão nem aí para o destino deste país. Ligaram o “foda-se”. Uma pena! Que diferença da minha geração. Lembro que nos comícios da “Diretas Já” e do “Fora Collor” a presença majoritária era de jovens com as caras pintadas. Como disse, senti falta também do povão, dos menos favorecidos. Será que para eles tanto faz, toda política não passa de uma ladroagem, de uma pouca vergonha? Ao final, sempre são eles que pagam a conta. Agora mesmo, a incompetência e a roubalheira do governo acarretaram a crise, a recessão, o desemprego e a inflação, males que quem vai pagar e sofrer intensamente serão os mais pobres. Parece que no dia 18 haverá passeatas em defesa de Lula e Dilma em todo o país. Certamente também não veremos a presença “espontânea” do povo. Os “populares” presentes serão transportados, alimentados e remunerados pelos sindicatos, CUT e MST. Estas organizações não vão para as ruas contra a corrupção, porque são sócias muito bem remuneradas dessa putrefação e defendem desavergonhadamente o governo e os seus malfeitos. Resta-nos continuar mobilizados, em defesa do estado de direito, das instituições brasileiras e em apoio à condenação dos corruptos e safados, seja de que partido for. Pressinto que os corruptos e os corruptores da Lavajato estão percebendo que irão para cadeia, em vista das futuras delações premiadas que serão formalizadas por graúdos políticos e empresários fugindo das altas penas. Assim sendo, a próxima fase será do salve-se quem puder ou do preparo de uma imensa pizza para colocarem no forno. Os Temeres, Cunhas, Calheiros e Aécios, na tentativa de salvar os seus couros e fugir das grades, vão propor um acordão, abençoado por Lula e Dilma, para tentar frear o ministério público federal e a polícia federal. É quanto a isto que deveremos nos mobilizar de agora em diante, pois se estancarem ou melarem as atuais investigações da Lavajato e as futuras averiguações sobre os desvios do BNDES e dos Fundos de Pensão este país não vai ser passado a limpo e corre o risco de virar uma grande Venezuela.
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