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Mensagem: Antônio Montalvão, em uma de suas alucinações culturais, nos presenteou com uma joia literária, marcantemente sertaneja, dizendo que se a flor não nega à mata o seu perfume, se o vento não nega às plantas a brisa que balança as folhas, também o literato não pode negar ao leitor o que escreve. Porque escreveu, entre tantos norte-mineiros de valor, não se pode negar que Darcy Ribeiro, membro da Academia Brasileira de Letras, nos legou preciosidades literárias. Não me refiro ao antropólogo, ao político, ao cientista social, mas ao literato. ´Termino esta minha vida já exausto de viver, mas querendo mais vida, mais amor, mais saber, mais travessuras´, escreveu Darcy Ribeiro em suas memórias. Quem não leu ´O Mulo´ e ´Utopia Selvagem´? Dele, em minhas mãos, numa reposição de livros nas estantes, três outras obras: “Ensaios Insólitos”, “América Latina: A Pátria Grande” e “Teoria do Brasil”. Resolvo ler os “Ensaios Insólitos”. “Ensaios Darcyanos” na expressão analítica de Ana Arruda Callado. Com irônica profundidade ele, refutando a obviedade de nossa inferioridade racial e tropical, entre outras, leva-nos à certeza de que somos um grande povo, deixando nessa observação a marca do seu socialismo altruísta, com os olhos no bem-estar desse mesmo povo. Sem fugir das obviedades por ele apontadas e analisadas, sou levado a observar que no cotidiano da vida sempre podemos recomeçar. Isto é óbvio. Em vida não existe um fim. Retornando à filosofia de Antônio Montalvão e repetindo Darcy Ribeiro, cumpre lembrar que o sol, todos os dias, faz de conta que morre e renasce. Um faz de conta que é óbvio.
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