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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: ESTAMOS FAMINTOS DE SOLIDARIEDADE Sempre pensei e ensinei em minhas aulas que para se lidar com o ser humano é preciso gostar de gente. Gente como a gente, que sonha, que cai, levanta, erra, aprende, chora, ri, adoece, sofre e morre. Acho, então, que para lidar com alguém fragilizado necessitamos, além do saber, de sermos carinhosos, tendo cuidado, respeito, acolhimento e amor para com o outro. Não consigo admitir que se trate um doente, um deficiente, um idoso, um indivíduo traumatizado, qualquer um que tenha sofrido uma perda, de maneira inadequada, isto é, sem delicadeza, sem carinho, sem respeito. Todos nós necessitamos sempre de delicadezas. Ainda mais alguém que sofre. Entretanto, tenho percebido que médicos e técnicos de enfermagem, com honrosas exceções, não conhecem a Psicologia das Relações Humanas. Provavelmente, nem tiveram esta disciplina em seus cursos! Ou se tiveram ela foi muito mal-ensinada ou não-assimilada. Fui, no domingo, visitar uma amiga mui querida, que vive seus últimos dias na Terra, sofrendo de câncer generalizado. Só quem passa por isto sabe do atroz sofrimento que significa. Entretanto, a grande maioria das pessoas nem tem coragem de enfrentar ou assistir a tal situação. Por quê? Porque temem que, em um malfadado dia, sejam elas que estejam num leito como aquele. E digo isto, não como cronista ou escritora, mas como especialista em Psicologia. Muitos temem a doença e a própria morte. Minha amiga, com câncer em todos os órgãos internos, no esqueleto, no cérebro, com escaras pelo corpo, sem posição na cama, sentindo dores horríveis, gemia e pedia socorro. Eu me vi em lágrimas, sentindo-me inteiramente impotente, só podendo acarinhá-la e pedindo a Deus alívio para ela. Há horas havíamos chamado os técnicos para trocarem sua fralda. Quando entraram, cheios de prepotência, arrogância e completo despreparo, gritaram com a paciente. Eu interpelei-os de imediato: “O que é isto? Não vêem o sofrimento dela?”. A moça me respondeu com grosseria: “O problema dela é psiquiátrico”. Fiquei pasma! Pasma com tamanha ignorância e falta de sensibilidade! E quando voltei a me dirigir a ela, dizendo que era “jornalista” e que ia relatar o fato em jornal, ela olhou-me, com desprezo, e disse: “Pode escrever! Que me importa?”. Isto, infelizmente, entretanto, é causado pelos cursos rápidos e sem qualificação que pretendem formar tais profissionais, que deveriam, inclusive, passar por testes psicológicos, pois nem todos têm condições para tal trabalho, como esta referida criatura o demonstrou. Mas, pior ainda, são os médicos que, sem condições e sem preparo psicológico, consideram “chatos” os pacientes que reclamam de algo. Paciente tem que ficar calado. Até que eles mesmos sejam os pacientes. Quando estes técnicos ouvem os comentários dos médicos, já se acham capazes de diagnosticar e colocar rótulos naqueles que sofrem. Já relatei, em uma antiga crônica, o caso de um médico, em Belo Horizonte, que, depois de passar por uma cirurgia e sofrer dores terríveis, mudou completamente a maneira de tratar seus pacientes. Passou a ser mais solidário, carinhoso e receitar analgésicos mais fortes para as dores. Acho que a vida humana merece respeito. Não podemos nos considerar civilizados se nem sabemos conviver dignamente com o nosso semelhante. É uma tristeza que a falta de solidariedade impere em nossa sociedade materialista, consumista e gananciosa. Mas, o dia do ajuste chega para todos nós. Ninguém pode fugir da dor, da doença e da morte. Sabem de alguma fórmula? Talvez o saibam os arrogantes e poços de vaidade. Se souberem, por favor, me comuniquem! Maria Luiza Silveira Teles (membro da Academia Amontes-clarense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros)

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