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Mensagem: CHICO PITOMBA Wanderlino Arruda Por ter chegado a Montes Claros em 1951, não tive a felicidade de ouvir e acompanhar o programa sertanejo dos notáveis Chico Pitomba e Mané Juca na ZYD-7, Rádio Sociedade Norte de Minas. Mas falar dos dois radialistas foi o que mais ouvi quando - com Luiz Gonzaga de Oliveira e Cerdônio Quadros - assumimos a programação da D-7 em 1955, tempo de Diretório dos Estudantes de Montes Claros. Para quem não viveu naquela época, é bom dizer que a Rádio ficava no edifício Maria Souto, Rua Quinze, ao lado da Gazeta do Norte e da Imperial, em frente às Casas Ramos e José Alves, quando quase tudo de notícias e de cultura saía dali. Agora, o escritor e historiador Dário Teixeira Cotrim passa para o relato impresso muito ou quase tudo de informação e de textos de Chico Pitomba e Mané Juca - Cândido Canela e Antônio Rodrigues - um registro definitivo de um bonito e saudoso tempo da gostosa cidade dos Montes Claros, idos de 1945, quando os programas radiofônicos atraíam muita gente e lotavam os auditórios. Ouvidos em todos os recantos do sertão norte-mineiro, eles representavam o que havia de melhor na música e na originalidade dos causos que eram contados, quase sempre tendo que repetir alguma coisa em vista dos pedidos dos muitos ouvintes, que gostavam mais deles do que de Jararaca e Ratinho, das rádios do Rio de Janeiro. Cândido Canela e Antônio Rodrigues - ou melhor Chico Pitomba e Mané Juca - eram mais autênticos, mais legítimos na representação sertaneja, até superando os mais importantes e atuais programas de TV. Nas fazendas onde existiam aparelhos de rádio, o que era raro, no dia e hora do programa de Chico Pitomba e Mané Juca, patrões e agregados se juntavam na sala da casa grande para o programa, hora também de café, biscoitos, broas e pães de ló, que completavam a festa. Dário Teixeira Cotrim, com este livro, grava um notável serviço à história de Montes Claros, resgatando valores de um passado até distante, pois da primeira metade do século passado, quando a cidade vivia poeira e escuridão, só com duas ruas calçadas e com luz de um motor que parava de funcionar antes das onze da noite. Em 1945, a cidade tinha apenas quatro escolas secundárias - o Colégio Imaculada, o Colégio Diocesano, a Escola Normal e o Instituto Norte Mineiro de Educação. A Gazeta do Norte era o único jornal, com duas edições por semana. Os sons da pacata Montes Claros vinham da fanfarra de Leonel Beirão e dos muitos alto-falantes dos bares, botecos e lojas de tecidos. Assim, um bom programa de rádio tinha realmente que marcar época, sendo, agora, seu registro através de livro um momento tão importante como daquele período de nova cultura. Dos dois radialistas, conheci somente Cândido Canela, poeta, humorista e proseador mais do que sensível, amado e admirado, acredito por todo o mundo. Grande poeta, de nome nacional, pois vencedor de concursos em outros estados, mesmo à revelia, sem ser candidato. Homem de sensibilidade, coração à flor da pele, todo o tempo voltado às atividades intelectuais, coisas de muito espírito. Cândido, mais do que montes-clarense, foi um sertanejo autêntico, amado-amante de tudo que era do povo simples e verdadeiro. Conheceu as minúcias do falar e do viver da gente norte-mineira, sua poesia, suas manias, tudo! Nada havia de oculto para ele. Era um desnudador de consciências, seja através da observação pessoal, seja por meio do diálogo franco, pois sabia aproveitar cada minuto da vida, principalmente no que se referia à natureza, sua sempre maior paixão. Leitor vidrado de Catulo da Paixão Cearense, chegava a ser melhor do que o poeta nordestino. Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e Academia Montes-clarense de Letras
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