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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: QUANDO A CHUVA CHEGAR... Montes Claros, em pleno Inverno oficial, arde de modo terrível, sob um sol inclemente. E eu, como todo bom sertanejo, fico a sonhar com a chuva. Ah, quando a chuva chegar!... Quando a chuva chegar, meu jardim e meu quintal haverão de mostrar todo o seu esplendor. As árvores estarão cheias de flores e frutos, Além de receber, na alvorada e no poente, as visitas encantadoras, que me presenteiam com uma bela sinfonia, haverei de colher as mangas, as pitangas, as goiabas, as amoras, os mamões... E as flores, em abundância, vão me trazer mais borboletas e beija-flores. Ah, quando a chuva chegar!... A vida haverá de renascer e meu coração, povoado de alegria e gratidão, também viverá um novo tempo! Vou voar até plagas longínquas levada por minha imaginação!... E as almas dos entes queridos haverão de sentar-se comigo à varanda... E recordaremos, ouvindo o tamborilar da chuva no telhado, tempos passados, em que ela não era tão rara como foram os deliciosos dias de um frio ligeiro deste Inverno! Ah, quando a chuva chegar, provavelmente, os montes-clarenses haverão de sorrir na esperança de novos tempos de fatura!... E os casarões antigos haverão de nos espiar os amores... E estas dezenas de prédios nus, levantados à custa da derrubada infeliz de nossas românticas e belas casas, haverão de roer a inveja de um quintal e um jardim!... E não terão pássaros a cantar e nem receberão a visita eufórica e multifacetada das borboletas e beija-flores!... Quando a chuva chegar, as praças ficarão mais bonitas e os namorados e os velhos, nos intervalos dos chuviscos, haverão de sentar-se em seus bancos. E os beijos e a conversa haverão de fluir num “tête à tête” gostoso. Pena que a Praça de Matriz não tem mais rosas! Quando voltar a chuva, os corações haverão de abrandar-se e teremos mais amabilidades e gentilezas... Quem sabe até menos crimes e tragédias?!... Os poetas mergulharão em suas cismas e delas belos poemas irão surgir. As poucas árvores da cidade estarão verdes e cheias de flores, tornando-a menos inóspita!... Até os cemitérios, onde as almas dos mortos confabulam, estarão mais belos e floridos! Ah, quando a chuva chegar, haveremos de lembrar dos velhos tempos em que ela jamais nos atrapalhava para sairmos para os clubes ou para as festas! E nem tampouco para, em bandos, cantarmos pelas ruas da cidade! Como me lembro do tempo em que saíamos dos carnavais do Clube Montes Claros, nas madrugadas, felizes, debaixo da chuva, que amenizava nosso cansaço e lavava nossos suores! A verdade é que ela, depois de um baile de carnaval, nos lavava a alma, pois que os amores recém-nascidos e os toques de doçura e de desejo nos davam uma leve sensação de pecado, num tempo em que tudo era proibido... Ah, quando a chuva chegar, decerto a inspiração haverá de voltar e acabar, quem sabe de vez, com este vácuo criativo, que tanto me incomoda!... Maria Luiza Silveira Teles (membro da Academia Montes-clarense de Letras e do Instituto Histórico de Montes Claros)

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