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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Os Brasileiros. Isaías Caldeira Meu pai casou-se em segundas núpcias com esposa quase três décadas mais jovem, afrodescendente, e conviveram por mais de vinte anos, até sua morte, por ela testemunhada num leito de hospital. Mulher humilde, roceira, que da vida somente apreendeu o essencial, prescindindo de toda filosofia para praticar o bem e a aceitar, tranqüila, as vicissitudes, tudo resumindo numa sentença simples: trabalhe duro e pacientemente, tristezas e alegrias se revezam permanentemente na vida das pessoas. Nada é nosso, meros fiduciantes das coisas do mundo e de Deus. Assim, estoicamente, ela passa os dias na lida no pequeno sítio em que viveram, e no qual ainda porfia escavando a terra agreste, sob sol inclemente. Nada entende de política e nem se interessa por isso. Desde nova sabe que o salário que paga ao Criador, cotidianamente, tem o valor de seu suor, e é grata de poder, dia a dia, adimplir com seu compromisso, agradecendo a Deus por braços sadios e mãos que oram cultivando a terra. Por ter enteados juízes, médicas, servidores públicos, bancários e outros aburguesados, não tem acesso as benesses do governo. Numa república onde o mérito reside em quem adere às palavras de ordem e empunha bandeiras de facções, com o trabalho considerado uma submissão aos exploradores capitalistas, dá gosto ver como insiste em cultivar seu jardim. Semeia a boa semente na terra onde labora, enquanto cresce uma descendência miscigenada de África e Europa . Os seus irmãos, vizinhos seu, tão honestos e trabalhadores como ela, são requisitados por todos os proprietários de terras na localidade, com a fama de laboriosos e dedicados aos compromissos assumidos credenciando-os entre todos. Alguns prestam serviços a mais de um patrão, todos eles agradecidos por terem à disposição gente tão honesta e comprometida com o trabalho. Nunca receberam um palmo de terra do governo, pois não integram nenhuma organização campesina, nem se filiaram a partido político. Trabalham duro e têm a mesa farta, às suas custas. Nunca foram contaminados por qualquer ideologia. São, aparentemente, felizes. Digo isso, neste momento de desconstrução da nação brasileira, para lembrar a todos da extraordinária herança portuguesa que nos foi legada, esta unidade lingüística e territorial que o mundo admira e inveja, e esse povo miscigenado. A América espanhola transformou-se em vários países. Somente o Brasil manteve esta unidade territorial, com mesmo idioma, o mesmo sentimento de brasilidade, unindo brancos, mestiços ,índios e negros, miscigenando raças, dando origem ao que Darcy Ribeiro exaltou como modelo de civilização feliz. Dizem que hoje já entregaram 20% do território nacional a grupos ditos indígenas, exigindo apenas uma declaração dessa condição para usufruir da bondade governamental. Pouco importa se avós já eram integrados à comunidades urbanas ou entre outros nacionais, alheios aos rituais de seus ancestrais. Também separam territórios para descendentes de escravos, nominados quilombolas, em prejuízo aos proprietários locais , onde gerações viveram e ajudaram a construir o progresso da região. Sintomático que as terras requisitadas são quase sempre as melhores do lugar, já prontas. Bem que o governo poderia entregar as terras na região norte do Brasil, ainda despovoadas e que precisam de gente disposta a explorá-las, a esses novos proprietários. Mas o norte do Brasil é tão longe de tudo e é preciso trabalho duro para tornar aquelas terras produtivas, o que é um empecilho, certamente. Assim, é melhor requisitar, em geral à força, a fazenda produtiva mais próxima, que logo o governo vem com providencial decreto expropriatório, baseado em laudos antropológicos de engajados, sempre dispostos a distribuírem o que é dos outros. Os proprietários, se resistirem às invasões, passam à condição de latifundiários sanguinários e criminosos, aos quais os grupos organizados exigem prisões imediatas. A justiça social, que é realmente necessária, acaba por ser ser feita injustamente, ferindo direitos. Assim, em poucos anos, conseguiram disseminar o ódio entre os nacionais, dividindo os brasileiros em grupos étnicos e entre classes sociais, entre exploradores e explorados, talvez de forma irreversível. Lembro então do meu pai, vaqueiro, na lida do gado, e minha mãe na cozinha, socando arroz em casca no pilão, para a comida de mais de uma dezena de peões, todos os dias, na fazenda onde trabalhavam no início de suas vidas, ela sem salário. Com esforço e economia, compraram uma modesta propriedade rural , dela tirando o sustento de família numerosa. Todos os filhos formados, com vidas honradas. Vieram ainda três irmãos desta segunda união de meu pai, todos cursando faculdades, no mesmo caminho já trilhado. No país das palavras de ordens gritadas por uma minoria que nada produz, ainda há uma maioria que acredita no trabalho e no esforço pessoal como forma de ascensão social, para brancos, negros, índios e mestiços. Mantermos este Continente chamado Brasil unido, nação e território, é nosso compromisso com os desbravadores portugueses que nos colonizaram e delinearam nossas fronteiras e, mais que tudo, com nossos descendentes, continuadores da epopéia Lusitana.

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