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Mensagem: S. Exa., a mandioca Manoel Hygino - Hoje em Dia Pedro Álvares Cabral inventou o Brasil em 1500 e a presidente do país descobriu a mandioca em 2015, embora a façanha seja antiga. Dela se extrai material para produção de pratos típicos do Nordeste brasileiro, passando a integrar a culinária dos mineiros. Euclides da Cunha não poderia perder a ensancha tão oportunosa e descreveu, na página 335 de “Os Sertões”: “vivia-se à aventura, de expedientes. De modo próprio, sem a formalidade na emergência disponível, de uma licença qualquer, os soldados principiavam a realizar, isolados ou em pequenos grupos, excursões perigosas pelas cercanias, talando as raras roças de milho e mandioca, que existiam”. O registro não poderia ser ignorado por Manif Zacharias, em “Lexicologia” de “Os Sertões”, um levantamento das palavras usadas pelo grande escritor, e definiu: “Mandioca, s.f. Planta da família das euforbiáceas (manihot utilíssima), cujos grossos tubérculos radiculares, ricos em amido, são de largo emprego na alimentação; o próprio tubérculo desta planta; aipim, macaxeira”. Mas cuidado, há a mandioca brava, uma variedade cujas raízes são venenosas e citada também em “Os Sertões”: “Alguns morreram envenenados pela mandioca brava e outras raízes, que não conheciam”, como está na página 337. Em minha terra, como registrou o médico, pesquisador e historiador Hermes de Paula, “o pão não é usado em cem por cento em todos os lares no almoço e no jantar; a farinha de mandioca tem a primazia”. Ou tinha. Os hábitos devem ter mudado, mas se preparar uma paçoca ou farofa sem farinha? E há ainda os biscoitos, em cuja composição entram erva-doce, sal e ovos. Eduardo Almeida Reis, cronista aplaudido, membro da Academia Mineira de Letras, condena determinado feijão de tropeiro, composto com meio quilo de torresmo, meio de linguiça, dois bifes de lombo grelhados, alho, cebola, quatro ovos, couve e feijão. E farinha evidentemente, como lhe foi servido alhures. Se não matar o comensal à mesa, descreveu ele, decerto matará a companheira no leito. “Morte ao feijão tropeiro, é doravante minha divisa. Se Mestre Hygino permitir...”. Para Eduardo Frieiro, o trivial da mesa mineira é o mesmo, com pouca variação, nas diversas regiões do Estado, até as proximidades da Bahia, onde os hábitos alimentares se parecem um tanto aos baianos. Não pode faltar a farinha de mandioca, embora a de milho fosse mais comum antigamente. O juiz Carlos Ottoni relatou como era a alimentação dos canoeiros de Minas, descendo o rio das Velhas até o São Francisco. Homens resistentes, alimentavam-se bem com o seu feijão com farinha e toucinho. Ao meio-dia, exigiam uma parada para a jacuba, que temperavam com farinha, rapadura e limão. Leopoldo Pereira pormenoriza: “No caldeirão onde uma boa porção de gordura de porco já está bem quente, rapa-se um pouco de rapadura e, depois que esta amoleceu pelo calor, junta-se farinha até fazer uma massa como angu. Para os outros, é repugnante este terrível engordurado ‘choriço’, mas o canoeiro o come como delícia e para ele o czar da Rússia pode comer mais caro, mas não tão bem”. Nada lembra o acendrado patriotismo da presidente.
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