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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A VERDADE, A MENTIRA E O ELEFANTE * Marcelo Eduardo Freitas A escritora Rosiska Darcy de Oliveira afirma que a mentira tem uma lógica implacável. Só é possível mantê-la graças a mais mentiras. Essas mentiras a mais vão exigir, para que não sejam descobertas, uma cadeia de novas mentiras. A mentira é um poço sem fundo. Com o tempo, ela invade tudo e passa a alimentar-se a si mesma. Devemos, assim, lutar pela formação de pessoas vocacionadas à busca da verdade, em quaisquer de suas formas. Há milhares de anos, como se estivesse conformado com o fato de que viver sem contar pequenas mentiras fosse tão impossível como viver sem respirar, o filósofo chinês Confúcio (551-479 a. C.) recomendava que se apelasse à reprovável prática somente quando a verdade pudesse prejudicar uma família ou à nação. Confúcio acabou por gerar uma grande confusão em terras tupiniquins, já que mentiras deslavadas têm sido reiteradamente contadas sob o pretexto de preservar o nosso país. Talvez dos salteadores do erário. Quem sabe? Mentir, em linhas gerais, é falar ou dizer algo contrário à verdade. É o engano em seus diferentes aspectos. Nocivo ao ser humano e à espiritualidade das pessoas. A juventude, por exemplo, está sendo arrastada à perdição pelo prazer transitório da inclinação às drogas, ao sexo precoce, aos desvios, à mais completa falta de educação e instrução. Tudo enganoso, anormal, mentiroso, trazendo prejuízos físicos, morais e psíquicos ao nosso povo varonil. Uma das características do ser humano é (ou pelo menos deveria ser) a eterna busca pela verdade. É o mais profundo desiderato de comprovar a veracidade dos fatos e de distinguir o verdadeiro do falso. A busca pela verdade surge logo na infância. Ao longo da vida estamos sempre questionando as verdades estabelecidas pela sociedade. A filosofia, por seu turno, tem na investigação da verdade o seu maior valor. Ocorre que, em nosso país, estamos fomentando um grave problema: estamos cultivando gerações inaptas à busca de verdades mais comezinhas. O nosso povo, é bíblico, não está conseguindo enxergar um palmo além da testa. É aí que surge a política de rapina. Oportunista, que finca suas bases na falta de educação, na pobreza e na fraqueza institucional. “As Instituições estão carcomidas em suas bases, por um poder a elas estranho. Já não se autodeterminam. Na busca de favores não cumprem mais os seus misteres e não servem mais a sociedade, se perdem em si e faz perder a nação”. E ai de quem fizer o contrário! Quanta tristeza! Lamento profundamente! Nietzsche dizia que “verdadeiro não significa em geral senão o que é apto à conservação da humanidade. O que me deixa sem vida quando acredito nele não é a verdade para mim, é uma relação arbitrária e ilegítima do meu ser com as coisas externas”. De fato, a verdade é fruto de percepções. Devemos, assim, buscar percepções que reflitam um mínimo de coerência com a realidade fática. Há bem mais de um século, um poeta americano transformou em versos uma antiga parábola: Os Homens Cegos e o Elefante, aqui retratadas livremente, a fim de exprimir a ideia central do texto. A primeira estrofe do poema diz que: “Seis homens do Hindustão, Muito ávidos por aprender Quiseram conhecer o Elefante Embora, cegos, não o pudessem ver Pelo que observaram, Suas mentes procuraram satisfazer”. No poema, cada um dos seis viajantes pegou uma parte do elefante e descreveu para os outros o que havia descoberto. Um dos homens encontrou as patas do elefante e o descreveu como sendo redondo e áspero como uma árvore. Outro sentiu as presas e descreveu o elefante como uma lança. Um terceiro agarrou a cauda e insistiu que o elefante se parecia com uma corda. Um quarto descobriu a tromba e afirmou que o elefante era como uma grande cobra. Cada um deles descrevia a verdade. E como sua verdade se baseava em uma experiência pessoal, cada qual insistia que tinha conhecimento do que sabia. O poema conclui, dizendo: “Então aqueles homens do Hindustão Por muito tempo ficaram a debater, cada qual com sua própria opinião a defender Sem querer ceder, Embora cada um deles estivesse certo, em parte, Todos estavam errados em seu parecer”. Parece soar contraditório, mas a luz tem sido obscura em nossa república. Governos, eleitos para representar o povo, mentem de maneira deslavada. Chega doer! Vemos, assim, apenas parte das verdades ocultas. A natureza ilusória da verdade foi tema favorito dos grandes poetas e contadores de história do passado. Shakespeare parecia estar particularmente fascinado por ela, uma vez que suas tramas se baseiam na incompreensão de verdades importantes. Existem em nossa nação verdades relevantes a serem descortinadas. Isso não é papel dos órgãos de controle somente. A verdade a que aqui me refiro é aquela capaz de mudar cenários. Erigida, em tempos atuais, na mais lídima consciência de que um país melhor depende da atitude de cada um de nós! Chega de bravatas! (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia

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